Título: Em passeata no Rio, militares cobram aumento salarial
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2005, Nacional, p. A6

Militares reformados e da reserva e seus parentes fizeram uma manifestação ontem no Rio pela valorização das Forças Armadas, pelo reajuste de seus soldos e pensões e em protesto contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cerca de 600 pessoas participaram do ato no Leme e da passeata pela orla de Copacabana, segundo os organizadores. Apesar da possibilidade de punições, havia também militares da ativa no evento. Eles mostraram insatisfação com o governo em geral, mas queixavam-se principalmente de não terem recebido o reajuste prometido de 23%. O capitão-de-mar-e-guerra Jaime Cezar Gerin Guimarães, reformado, lembrando que o presidente é o comandante das Forças, ressaltou que entre os militares é fundamental cumprir o que foi dito antes. "Se o chefe garante e não faz, isso balança a hierarquia."

Os militares reclamavam da falta de recursos. "As Forças estão sofrendo um desmonte e o governo ainda faz provocação, quando dá dinheiro para o outro lado, para o MST (Movimento dos Sem-Terra)", disse o coronel reformado do Exército Odin de Albuquerque.

"O MST não passa do braço armado do PT", concordou o coronel aviador Juarez de Deus Gomes da Silva, também reformado. Ele vê "um processo nazista-comunista" no governo, que, disse, seria conduzido pelos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). Para o general reformado Durval Andrade Nery, "a democracia está ameaçada". Ambos acreditam que o clima está semelhante aos anos que precederam o início do governo militar.

Os participantes do protesto carregavam faixa com a inscrição "Marcha com Deus pela Família", nome semelhante a de manifestações realizadas em 1964 contra o governo de João Goulart, deposto pelos militares.