Título: União gay e tratado com UE passam na Suíça
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2005, Internacional, p. A9

Os eleitores suíços foram às urnas ontem para decidir sobre dois assuntos distintos. Um deles foi o direito civil dos gays. Pela primeira vez, um país convocou um referendo nacional para tratar desse tema. E o segundo assunto foi a adoção do Tratado de Schengen, o que permite a livre circulação de pessoas pelas fronteiras. Cercada por países da União Européia (UE), a Suíça não faz parte do bloco. Acabada a votação, 54,6% dos suíços votaram a favor do fim dos controles de fronteira entre a Suíça e os países UE já a partir de 2007. A maioria dos eleitores suíços (58%) também aprovou a união de pessoas do mesmo sexo. Com a decisão, os casais gays terão os mesmos direitos e deveres dos heterossexuais em questões de herança e de tributos. A restrição para que adotem crianças, no entanto, permanece.

Parlamentares suíços já havia aprovado a união de casais gays, mas grupos de conservadores e religiosos fizeram uma campanha para recolher 50 mil assinaturas, o que acabou forçando a convocação do referendo.

A Suíça se manteve imune ao contágio do "não" da França e da Holanda. Na semana passada, a maior parte dos eleitores franceses e holandeses votou contra a adoção da Constituição européia, um amontoado de leis que, entre outras coisas, cria a figura do ministro das Relações Exteriores do bloco e simplifica o processo de tomadas de decisão.

Embora a questão colocada diante dos suíços ontem fosse totalmente diferente, temia-se que a onda negativa em relação ao bloco se espalhasse. De acordo com pesquisas, o número de eleitores decididos a votar a favor do tratado diminuía diariamente. A rejeição, no entanto, acabou não se materializando.

A adoção do tratado permitirá que a polícia suíça compartilhe informações sobre lavagem de dinheiro e organizações terroristas com seus colegas da UE.