Título: Eleitores de Ibirarema por pouco não votaram 3 vezes
Autor: Mariana Caetano, Liège Albuquerque, Elder Ogliari
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2005, Nacional, p. A12

Prefeito reeleito cassado por uso da máquina conseguiu reverter punição no TSE cinco dias antes da terceira eleição marcada

Por muito pouco, os 5 mil eleitores de Ibirarema (SP) não tiveram de votar três vezes para prefeito. A terceira eleição estava marcada para 22 de maio, mas foi suspensa cinco dias antes por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O prefeito Waldimir Coronado Antunes (PSDB) conseguiu garantir sua reeleição. Havia sido cassado porque funcionários do serviço social estamparam camisetas de campanha usando jovens inscritos num programa municipal. Também foi punido por pedir votos durante churrasco promovido nas dependências da prefeitura. Ele concorreu novamente em fevereiro e saiu vitorioso. Como seus votos foram considerados nulos naquela ocasião - é o que acontece com quem concorre sub judice - foi marcada a terceira eleição. Antunes chegou a lançar para a disputa suspensa sua mulher, Maria José Feijão Antunes.

Só em São Paulo foram realizadas novas eleições em quatro cidades, além de Ibirarema. Rosana deveria ir às urnas hoje, mas o pleito acabou suspenso pelo TRE. Outros chegaram a ser convocados, mas foram cancelados ou adiados em 11 cidades pelo País. Já tiveram de eleger novamente seu prefeito 21 municípios. Hoje Vale de São Domingos (MT) escolhe de novo seu administrador. Em Belmiro Braga (MG), falta marcar a data. É o que deverá acontecer também em Mauá (SP).

Uma nova eleição ocorre quando a soma dos votos nulos ultrapassa 50% do total. O candidato cassado sempre tem seus votos anulados, o que provoca a maioria dos sufrágios repetidos. Não é raro ver pouca coisa mudar no cenário político local, mesmo após as reviravoltas determinadas pela lei. Em fevereiro, Ouro Verde (SC) escolheu outro prefeito, Zeli da Luz (PP). Recebeu 1.040 votos, a conta exata dada antes a seu irmão eleito e cassado, Sadi da Luz (PP).

No Rio Grande do Norte, até 15 dias atrás, estavam marcadas eleições em nove municípios. Todas estão suspensas, porém, por ordem do TSE. Em Martins, chegaram a ser registradas as duas chapas concorrentes. Uma delas tinha como candidatos a prefeito e vice os cônjuges da prefeita e do vice-prefeito cassados. O comerciante Marcos Antonio Gurgel Costa (PFL), marido da prefeita Maria José de Oliveira Gurgel Costa (PFL), era o cabeça da chapa que teria como candidata a vice Maria de Fátima de Carvalho Andrade Galdino, mulher do vice-prefeito Paulo César Galdino (PDT). Tudo em casa.

Campos (RJ) - que ganhou notoriedade nacional com a declaração de inelegibilidade, já revogada, do presidenciável Anthony Garotinho (PMDB) e da governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB) - é hoje administrada pelo presidente da câmara municipal, assim como várias outras cidades pelo País. No Paraná, por exemplo, são três. No Amazonas, vereadores comandam os municípios de Alvarães, Barcelos, Beruri e Fonte Boa.

Em Sentinela do Sul (RS), o presidente da câmara, Marcus Vinícius Vieira de Almeida (PP), assumiu a prefeitura aos 22 anos, muito antes do que poderia imaginar qualquer estreante na política. O eleito, Luzardo Aibar (PMDB), foi impedido de tomar posse sob acusação de comprar votos. No Rio Grande do Sul, há pelo menos mais dois municípios comandados pelos presidentes das câmaras. Em Mato Grosso e Minas Gerais são, respectivamente, 14 e dois.