Título: Falta de combustível pode agravar crise
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2005, Internacional, p. A14

Os protestos nas estradas do país há mais de duas semanas começaram a provocar falta de combustível na capital boliviana. Segundo o presidente da Associação de Fornecedores, Germán Loza, ontem apenas 50% dos postos de La Paz ainda tinham combustível - e o estoque pode acabar completamente nos próximos dias. Loza alertou que a escassez pode agravar a crise social e pediu a intervenção da polícia para controlar a situação. Em média, a cidade consome 900 mil litros de gasolina e 450 mil de diesel por dia. Loza informou também que algumas províncias já estão totalmente desabastecidas.

Os bloqueios ao distrito de El Alto, onde fica a usina que recebe os combustíveis do oleoduto Santa Cruz e Cochabamba, são a principal causa da interrupção do fornecimento de gasolina e diesel. Um líder dos manifestantes locais afirmou que os bloqueios vão continuar e quem não acatá-los será castigado violentamente.

Em La Paz, o desabastecimento também começa a atingir os alimentos. Nos mercados não há mais carne e outros produtos estão 30% mais caros.

Na sexta-feira, a Igreja ofereceu-se para mediar o conflito e bispos tentaram organizar uma agenda de negociações entre autoridades e líderes sindicais. Governo e sindicalistas disseram aceitar a mediação, entretanto, até a tarde de ontem, nenhum dos setores em protesto havia acatado o pedido da Igreja de suspender as medidas de pressão.