Título: Cúpula dos Correios cai, sob bombardeio
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Nacional, p. A4

Depois de três semanas sob o bombardeio de denúncias de corrupção, toda a diretoria dos Correios foi demitida ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente da estatal, João Henrique de Almeida Sousa, e mais três diretores pertenciam à cota do PMDB, partido do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, ao qual a empresa de correios é subordinada. Das outras três diretorias, duas eram ocupadas por indicados do PT e uma por indicação do PTB, do deputado Roberto Jefferson (RJ). A demissão foi decidida no início da tarde, em reunião do presidente Lula com Eunício e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. De acordo com assessores, Lula teria determinado uma solução definitiva, o que levou à opção pela demissão de todos os diretores, inclusive do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

A decisão foi comunicada à diretoria dos Correios e, em seguida, o seu presidente e cinco diretores encaminharam ao ministério a carta de demissão coletiva.

Até o início da noite, o governo ainda não tinha decidido os nomes dos substitutos. De acordo com assessores de Eunício, ele quer uma solução mais técnica que política. Apesar disso, circulava ontem pelo Ministério a informação de que a presidência da estatal pode ser ocupada pelo secretário-executivo das Comunicações, Paulo Lustosa, ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP).

COTAS

João Henrique João Henrique evitou comentar a decisão. Disse, por meio de assessores, que se trata de um ato político e não administrativo. Ele estava na presidência dos Correios desde março do ano passado, tendo chegado lá por sugestão do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).

Também estavam na cota do PMDB o diretor da área comercial, Carlos Eduardo Fioravanti da Costa, segundo suplente do senador Hélio Costa (PMDB-MG); o diretor de recursos humanos, Robinson Koury Viana da Silva, suplente do senador Ney Suassuna (PMDB-PR), e o diretor Econômico-Financeiro, Ricardo Henrique Suner Caddah, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal (CEF), indicado por Eunício.

O diretor de Administração, Antônio Osório Menezes Batista, indicado pelo PTB, já havia pedido o afastamento, logo após a divulgação das denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson.