Título: Alfonsín, euforia no começo e um fim desastroso
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Nacional, p. A9

FORA DA ORDEM: O começo foi pura euforia: o candidato da União Cívica Radical (UCR), Raúl Alfonsín venceu as eleições presidenciais de 1983 com 52% dos votos,derrotando um peronista. A UCR obteve maioria absoluta na Câmara dos Deputados. No governo, começou a enfrentar os fantasmas da Argentina. Mandou a julgamento os chefes militares responsáveis pelos assassinatos e torturas em massa e os terroristas de esquerda. Desagradou aos dois lados e os militares começaram a provocar rebeliões. Enfrentou uma inflação de 20% ao mês, uma taxa de desemprego de 7% e uma dívida externa de US45 bilhões. Criou o Plano Alimentar Nacional para atender às famílias pobres. Abriu mais uma frente de luta contra os sindicatos peronistas ao aprovar a lei do Reordenamento Sindical. A CGT respondeu com 13 greves gerais. Em junho de 1985 anunciou o Plano Austral (inspirador do Plano Cruzado, que nasceria 9 meses depois), mudando a moeda, congelando salários e controlando preços de produtos e tarifas públicas.Um ano e meio depois o Plano Austral começou a se esgotar e 1986 terminou com uma inflação acumulada de 82%. Em 1987, piorou: 175%. Em 1988, lançou o Plano Primavera, com nome de flor e conteúdo de espinho. Mas 1989 foi padrasto para a Argentina: secas comprometeram a colheita de grãos e o fornecimento de energia; a elevação descontrolada das taxas de juros enfraqueceu a moeda. A campanha para as eleições presidenciais de maio de 1989 começaram sob uma situação social gravíssima. O peronista, Carlos Menem venceu a eleição. Mas a hiperinflação que atingiria 5.000%, sucessivos saques de supermercados e uma situação social insustentável levaram Alfonsín a abandonar o governo, entregando o poder a seu sucessor seis meses antes do término do mandato, derrotado pelo mais absoluto caos social.