Título: 'Homem público deve ter coragem', diz Alckmin
Autor: Elizabeth Lopes e Flavio Leonel
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Nacional, p. A9

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou ontem de "pífia" a atuação do governo federal frente às denúncias de corrupção em órgãos públicos e do pagamento de "mensalão" e mandou o seguinte recado ao presidente Lula: "Homem público deve ter coragem, assumir responsabilidade e dizer que, se tiver um problema, deve satisfações à sociedade. E não ficar tergiversando, querendo passar responsabilidades para terceiros". Já o governador de Minas Gerais, o também tucano Aécio Neves, saiu em defesa do presidente Lula ao dizer não se pode compará-lo ao ex-presidente Fernando Collor de Mello Para Alckmin, "não é possível uma resposta tão pífia e poucos esclarecimentos à sociedade", numa referência à atuação do governo Lula nessa crise. O tucano disse que CPI não pode ser banalizada e rebateu as críticas dos petistas de que a Assembléia Legislativa de São Paulo tem mais de 40 CPIs engavetadas. "Existe uma tática política antiga de o acusado acusar o vizinho, é uma coisa atrasada." .

Para Alckmin, "é óbvio" que o governo federal já deveria ter prestado contas à sociedade. "Já dizia Ulisses Guimarães que vida pública é vida pública. E num fato dessa gravidade (as recentes denúncias), a prestação de contas é obrigatória."

Indagado se estava decepcionado com a atuação do governo do presidente Lula, Alckmin frisou: "Vou citar Santo Antônio de Pádua, quando não puder falar bem, não diga nada", disse. "Não vou colocar mais lenha na fogueira", afirmou.

Segundo o tucano, é necessário esclarecer e investigar todas as denúncias porque "a coisa começou mal". Alckmin disse que a postura do PT e do governo federal em barrar a CPI dos Correios foi uma atitude ruim.

O governador Aécio Neves disse ontem que o único caminho a ser tomado pelo presidente Lula sobre as denúncias de corrupção feitas pelo deputado Roberto Jefferson é o de o próprio Lula solicitar uma CPI para que o Congresso Nacional investigue as acusações.

Sobre a possibilidade de o presidente sofrer um processo de impeachment por suposto crime de prevaricação, Aécio destacou que Lula tem uma história política que merece respeito e não pode ser comparado a Collor.

Aécio disse que "o presidente Lula não é o ex-presidente Collor". "O presidente Lula tem uma história pessoal que merece o nosso respeito. O seu governo vai mal do ponto de vista gerencial e agora é acusado de grandes desvios, mas não vamos transformar isso desde já num ambiente eleitoral que contamine a vida do País."