Título: Sindicalistas se mobilizam em defesa de duas CPIs
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Nacional, p. A10

Líderes sindicais decidiram ontem em São Paulo formar "ampla mobilização" para pressionar o Congresso a instalar duas CPIs, uma sobre corrupção nos Correios, outra sobre o "mensalão". A estratégia deverá seguir o modelo adotado em março, quando entidades da sociedade civil se organizaram e derrubaram a Medida Provisória 232, por meio da qual o governo pretendia aumentar tributação sobre a produção. Os sindicalistas aprovaram a realização de atos e manifestações de rua, como as que ocorreram em 1992 pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

"Pretendemos pressionar o Congresso para que apure as denúncias e para pôr na cadeia quem tem culpa no cartório", declarou Paulinho Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, que aglutina 7,5 milhões de trabalhadores. "A sociedade tem o direito de saber quem são essas pessoas, quem recebe e quem não recebe o mensalão", afirmou o sindicalista.

A reunião ocorreu na sede da Força e dela participaram dirigentes de outras duas centrais, a Social Democracia Sindical (SDS) e a Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT). A Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi convidada, mas não mandou representante. Rogério Magri acompanhou o ato na Força, da qual ele é consultor. Magri foi ministro do Trabalho do governo Collor.

Segundo Paulinho, "o risco institucional sempre existe". Ele anotou que as "instituições poderão ficar desmoralizadas perante uma sociedade perplexa se nada for apurado".

O movimento já conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, que defende instalação imediata de CPI e propõe uma vigília cívica. Para o presidente da OAB paulista, Luiz Flávio Borges D Urso, "é fundamental que se preserve o País de uma crise institucional, que pode vir na esteira do aprofundamento da atual crise política, que atinge o governo". Ele convocou para amanhã reunião com entidades comerciais, empresariais e de trabalhadores.

A OAB conclamou os poderes a investigar as denúncias sobre pagamento de propinas a parlamentares e orientou suas 216 subseções no Estado "a se manterem em estado de vigília permanente, promovendo a mobilização da sociedade para exigir de suas respectivas representações parlamentares a adesão ao instrumento de investigação do Congresso, que é a Comissão Parlamentar de Inquérito".