Título: Aliados ainda tentam barrar investigação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2005, Nacional, p. A4

A denúncia do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), de que parlamentares do PP e PL teriam recebido mesada de R$ 30 mil para votar a favor do governo, ressuscitou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre denúncias de corrupção nos Correios e obrigou o Palácio do Planalto a fazer um recuo estratégico. A apreciação do recurso contra a CPI na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara está prevista para hoje à tarde, mas os líderes dos partidos da base só pretendem pôr em votação, caso tenham a segurança de que os aliados votarão pela derrubada da CPI. "A proposta é não mais apresentar o parecer do recurso amanhã (hoje). Mas tudo vai depender de reuniões que teremos", disse o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES). "O ambiente político piorou muito com a denúncia do Roberto Jefferson", completou o socialista. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reconheceu que a denúncia tumultuou o clima no Congresso.

Ele reafirmou, no entanto, que não há fato determinado para a criação de uma CPI e, por isso, a tática dos aliados continua sendo a de derrubar a Comissão. Chinaglia afirmou que vai avaliar hoje com os líderes da base se é oportuno apresentar o parecer contra a CPI dos Correios na CCJ.

A oposição argumentou que o relator do recurso é o deputado Inaldo Leitão (PL-PB), cujo partido é um dos apontados por Jefferson como beneficiário da mesada. "Que condições políticas um deputado do PL tem para dar um parecer como esse sobre a constitucionalidade de uma CPI que não interessa ao governo?", indagou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

Os líderes dos partidos aliados defenderam que as denúncias do petebista sejam apuradas pela corregedoria geral e pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Alegam que não há necessidade de criação de uma CPI para apurar as declarações de Jefferson. Já o PFL quer que a CPI do Correios seja ampliada com a inclusão da denúncia do mensalão.

Paralelamente, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou requerimento para que todas as autoridades do governo citadas por Jefferson dêem explicações à Comissão de Fiscalização e Controle sobre o eventual pagamento de propina a deputados. Entre os convidados estão os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, José Dirceu, da Integração Nacional, Ciro Gomes, do Turismo, Walfrido Mares Guia, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula. Na entrevista, Jefferson disse que informou os cinco ministros e Carvalho sobre o pagamento de mesada de R$ 30 mil pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a deputados do PP e do PL .