Título: Bush ajuda África, mas rejeita Kyoto
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Internacional, p. A19

Os Estados Unidos vão conceder US$ 674 milhões de ajuda suplementar à África, mas reiteraram a rejeição ao Protocolo de Kyoto que estabelece normas para proteção do meio ambiente. As decisões foram anunciadas ontem durante uma minicúpula na Casa Branca, que reuniu o presidente americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. No encontro, os dois líderes prepararam agendas comuns que serão apresentadas na reunião do Grupo dos Oito (G-8 - que agrupa as sete nações mais ricas e a Rússia), marcada para 6 de julho na Escócia.

Em entrevista, Bush e Blair disseram que EUA e Grã-Bretanha estão próximo de um acordo para perdoar a dívida externa africana em 100%. "Mas serão beneficiados apenas aqueles países que adotaram políticas transparentes, porque ninguém aqui quer dar dinheiro a um país governado por corruptos", ressalvou Bush.

Os Estados Unidos decidiram aumentar sua contribuição para o continente africano com mais US$ 647 milhões, disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "A África é uma das prioridades de meu governo", insistiu o líder britânico.

Segundo o porta-voz da Casa Branca, a ajuda anunciada pelo presidente americano vai se somar ao US$ 1,4 bilhão que os EUA se comprometeram a entregar ao Fundo das Nações Unidas para a África. Ele adiantou que o presidente americano poderá firmar outros compromissos financeiros para a região na reunião do G-8.

O primeiro-ministro britânico desistiu, por outro lado, de persuadir os Estados Unidos a participarem do Fundo Financeiro Internacional (IFF), que pretende duplicar a ajuda dos países ricos ao Terceiro Mundo antes de 2015. A idéia é elevar essa contribuição a US$ 100 bilhões ao ano.

Outra questão importante que Blair debateu com Bush foi a mudança do clima que atinge todo o planeta, causada pela grande concentração de poluentes na atmosfera. Mas, nessa questão, Bush manteve-se irredutível. Disse que compreende a preocupação de todos e lembrou que seu governo já contribui com recursos para a despoluição de várias regiões do planeta. Mas reafirmou que os EUA continuarão fóra do Protocolo de Kyoto que estabelece medidas para reduzir os poluentes na atmosfera. "Se assinassem esse pacto, os EUA sofreriam imenso prejuízos com a perda de milhares de postos de trabalho", justificou McClellan.

Participarão da cúpula da Escócia Grã-Bretanha, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, França, Japão, Itália e Canadá.