Título: 'Eu entro com o nome do meu pai'
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Metrópole, p. C1

Drogas, armas e negócios são os assuntos das conversas entre Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, e o empresário Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, o Naldinho, apontado como líder de uma quadrilha do tráfico. "Você entra com o dinheiro e eu entro com o nome do meu pai", disse o filho de Pelé numa de suas conversas com o amigo. Edinho freqüentava um dos sítios de Naldinho, usados para encontros da quadrilha. Segundo policiais, o ex-goleiro discutia com o empresário formas de investir seu dinheiro. Também foi flagrado conversando com os traficantes Ademir Carlos de Oliveira, o Pezão, gerente dos pontos-de-venda de Naldinho, e Marcelo Trindade Benedicto.

Pezão foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) na Operação Indra. Com ele, Edinho discutia a guerra que tomou conta do tráfico de drogas na Baixada Santista com os assassinatos de pessoas ligadas ao líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Sandro Henrique de Souza, o Gulu, morto em 28 de abril. Trindade foi morto sexta-feira em Santos. Naldinho, segundo a polícia, também estava jurado de morte por causa de suas relações com Gulu.

"Até a linguagem dos bandidos ele usava", disse o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc. Para os policiais, Edinho "bancava o malandro".

O delegado reafirmou ontem existirem provas da participação do filho de Pelé na associação para o tráfico. O ex-goleiro foi interrogado no Denarc e disse não se lembrar do teor de suas conversas com os demais acusados, porque estava sob efeito de drogas. "Não sou bandido, só preciso de tratamento." Edinho entregou ao pai uma carta na qual fez um desabafo: "Acabei conhecendo pessoas que chegavam a oferecer-me drogas." Edinho confessou usar maconha.

Seu advogado, Sidney Gonçalves, disse que isso começou após seu cliente abandonar o futebol. "A carreira dele foi interrompida por uma lesão no joelho e ele entrou em depressão."

O advogado deve entrar hoje ou amanhã com pedido de liberdade provisória, no fórum da Praia Grande. Ele quer que Edinho responda à acusação em liberdade, pois é "tecnicamente" réu primário, tem emprego e residências fixos e não vai fugir.

Além disso, a medida só facilitaria seu tratamento para se livrar da droga. "O Edinho é um cidadão doente que necessita urgentemente de tratamento médico. É isso que a defesa vai perseguir."