Título: Psicólogo: droga é democrática
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Metrópole, p. C1

Ele é rico, tem emprego garantido na empresa do pai, boas perspectivas de se tornar um empresário de sucesso e é pai de duas filhas. Aparentemente, Edinho não tinha grandes problemas na vida. Mesmo assim, acabou se envolvendo com o consumo de drogas. Na explicação de especialistas ouvidos pelo Estado, as angústias existenciais são complexas, com causas não aparentes. "As drogas são democráticas e atingem todas as classes sociais", afirma o psiquiatra Sérgio Seibel, presidente do Comitê de Estudos de Dependência do Álcool e outras Drogas da Associação Paulista de Medicina. "Quando a pessoa não tem dinheiro, pode ser uma falsa saída para uma vida miserável. Quando sobra, para fugir do tédio que a situação pode proporcionar."

Seibel atende em seu consultório jovens de classe média dependentes e afirma que o consumo costuma levar os garotos a se envolverem em situações de risco. As visitas às bocas do tráfico deixam-nos expostos a tiroteios ou a batidas policiais. Quando a dependência é maior, chegam a fazer dívidas grandes com traficantes. "Esses extremos são exceções, mas o risco para quem se envolve com as drogas é sempre enorme."

LEGISLAÇÃO

Existem 18 verbos para definir um traficante no Código Penal. Conforme o artigo 12, é proibido importar, exportar, preparar, fornecer, ainda que gratuitamente, entre outros verbos, substâncias ilícitas para outras pessoas. Diante dessa definição, um jovem com dois cigarros de maconha que passa um deles para o amigo pode ser considerado traficante. A quantidade de drogas apreendida não serve para diferenciar o traficante do usuário e ele pode receber pena de até 15 anos.

A sentença acaba sendo tomada conforme as informações colhidas pelo juiz, que vai interpretar as circunstâncias em que o traficante foi preso antes de tomar a decisão. "A legislação precisa ser reformada para clarear essa diferença entre usuários e traficantes", afirma o presidente da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Flávio D'Urso. "O dependente dever ser encaminhado para tratamento e não ser confundido com traficante e ir para a prisão."

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Ele é rico, tem emprego garantido na empresa do pai, boas perspectivas de se tornar um empresário de sucesso e é pai de duas filhas. Aparentemente, Edinho não tinha grandes problemas na vida. Mesmo assim, acabou se envolvendo com o consumo de drogas.

Na explicação de especialistas ouvidos pelo Estado, as angústias existenciais são complexas, com causas não aparentes. "As drogas são democráticas e atingem todas as classes sociais", afirma o psiquiatra Sérgio Seibel, presidente do Comitê de Estudos de Dependência do Álcool e outras Drogas da Associação Paulista de Medicina. "Quando a pessoa não tem dinheiro, pode ser uma falsa saída para uma vida miserável. Quando sobra, para fugir do tédio que a situação pode proporcionar."

Seibel atende em seu consultório jovens de classe média dependentes e afirma que o consumo costuma levar os garotos a se envolverem em situações de risco. As visitas às bocas do tráfico deixam-nos expostos a tiroteios ou a batidas policiais. Quando a dependência é maior, chegam a fazer dívidas grandes com traficantes. "Esses extremos são exceções, mas o risco para quem se envolve com as drogas é sempre enorme."

A psicóloga Suzy Fleury, que já trabalhou com Edinho quando ele era goleiro do Santos, em 1997, afirma que a falta de uma árdua rotina e de objetivos de curto prazo, presentes na vida do jogador de futebol, acabam deixando um espaço que tende a ser preenchido conforme a maturidade da pessoa. "Alguns acabam tendo problema com álcool, mas envolvimentos com drogas ilícitas é algo incomum", afirma. "Essa história me deixou bastante surpresa".

LEGISLAÇÃO

De acordo com o Código Penal, um jovem com dois cigarros de maconha que passa um deles para o amigo pode ser considerado traficante, mesmo sem cobrar pela droga. A quantidade de drogas apreendida não serve para diferenciar o traficante do usuário. "A legislação precisa ser reformada para clarear essa diferença", afirma o presidente da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Flávio D'Urso. "O dependente dever ser encaminhado para tratamento e não ir para a prisão."