Título: Cúpula do PTB quer 'afastar' Jefferson
Autor: Denise Madue¿o, Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2005, Nacional, p. A8

Aturdidos pelo impacto da entrevista do deputado Roberto Jefferson, dirigentes do PTB tentavam ontem à noite equacionar duas grandes preocupações. Uma era descobrir uma linha de defesa razoável para Jefferson; outra era arrancar dele uma licença temporária da presidência do PTB para conter uma previsível debandada do partido por parlamentares que não querem ser "carimbados" pela pecha da corrupção. Segundo dirigentes petebistas, Jefferson deu a entrevista depois que se sentiu "enjaulado" pelo governo e pelo PT. Nos últimos dias, ele teria percebido que o governo tentava isolá-lo como único culpado da crise que redundou na CPI dos Correios, tentando, inclusive, convencer setores do PTB a pedirem a sua renúncia da presidência do PTB. Acuado, ele reagiu com a entrevista.

Cedo, o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), pregou o afastamento de Jefferson e disse que o líder do partido na Câmara, José Múcio (PE), também apoiava a licença. Em São Paulo, o deputado estadual Campos Machado, vice-presidente nacional do partido, defendeu uma licença temporária, mas disse que antes dela o partido deve se comprometer com a defesa de Jefferson.

Bezerra afirmou que o deputado jamais comentou com ele a existência do mensalão, um pagamento mensal feito pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, aos deputados que apoiassem o governo no Congresso. Ontem à noite, de São Paulo, Machado tentava fechar uma posição com os outros vice-presidentes do partido, no sentido de que todos se comprometessem com a defesa encarniçada de Jefferson.

O senador Bezerra reconheceu ontem que, com a entrevista do deputado fluminense, a CPI se tornou absolutamente inevitável. "A acusação é grave e tem que ser investigada. Só assim todas essas questões serão esclarecidas", disse ele. Bezerra pregou "cabeça fria" para não tirar o País do rumo. "Tudo está tumultuado", admitiu.