Título: Crise coincide com fim da recuperação, diz Giannetti
Autor: Patrícia Campos Mello e Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, Economia, p. B1

O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Ibmec, acredita que a crise política pode afetar a economia, pois ocorre quando a fase de recuperação cíclica da atividade já acabou e o governo não conseguiu preparar as condições para o crescimento sustentado. Já ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore ainda acha cedo para avaliar a duração e o impacto da situação política na economia. "A crise política gera incerteza e não vai ajudar a recuperação do investimento privado", disse Giannetti. Ele admitiu que não esperava uma agenda positiva de reformas nesta fase final do governo Lula, mas a turbulência política reforça sua inviabilidade.

"Crises dependem da persistência das crises. Crises passageiras produzem efeitos passageiros", afirmou Pastore. Segundo ele, "o efeito será proporcional à persistência." Independentemente da crise política, Pastore revisou para baixo a projeção para o crescimento da economia em 2005, para menos de 3%. A aposta média do mercado é de 3,5%, enquanto o governo projeta 4%.

Para Giannetti da Fonseca, o governo Lula cometeu um erro ao criar o crédito consignado em 2004. Para ele, o instrumento de crédito deveria ter sido lançado neste ano, o que faria com que seus benefícios coincidissem com a campanha eleitoral.

O professor vê dois riscos a médio prazo. O primeiro seria uma paralisia do processo decisório do governo, envolvido com a crise. O segundo é de que o governo, preocupado com a perspectiva de reeleição, altere a condução da política econômica e dê "uma guinada populista".