Título: Morales aceitaria solução de renúncia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2005, Internacional, p. A14

ELEIÇÃO ANTECIPADA: O líder opositor Evo Morales declarou-se ontem disposto a aceitar uma solução para a crise boliviana que envolva a renúncia do presidente Carlos Mesa e a antecipação de eleições presidenciais, que se realizariam ainda este ano. Morales, líder do partido Movimento ao Socialismo (MAS), disse que a proposta de renúncia de Mesa seria aceitável desde que os presidentes do Senado e da Câmara de Deputados também se comprometam a abrir mão de assumir o governo, como prevê a Constituição. A via da renúncia seguida da antecipação de eleições tem sido analisada pela Conferência Episcopal Boliviana (CEB) - que assumiu a mediação da crise a pedido do próprio Mesa.

Morales qualificou a proposta de renúncia como "a melhor solução" no atual contexto boliviano. Há quatro semanas consecutivas, a maior parte dos grupos sindicais e indígenas da Bolívia pede a estatização de toda a produção de gás e petróleo do país e a convocação de uma Assembléia Constituinte. Já organizações civis de Santa Cruz, a província mais próspera do país, lutam por autonomia. Ao lado de Tarija, Beni e Pando, Santa Cruz fixou para agosto, à revelia do governo federal, a realização de um referendo sobre a prosposta de autonomia.

O atual período constitucional da Bolívia começou em agosto de 2002 com a eleição de Gonzalo Sánchez de Lozada como presidente e

Mesa como vice-presidente, para um mandato de cinco anos.

Mesa chegou à presidência após a renúncia de Sánchez de Lozada, em 2003, após uma onda de protestos sociais contra o projeto do governo de exportar gás natural para os EUA.

O arcebispo de Santa Cruz, cardeal Julio Terrazas, fez no domingo um apelo às organizações sindicais e indígenas para que freassem os protestos, mas não foi atendido pelos manifestantes.