Título: Gutiérrez desiste do asilo no País
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2005, Internacional, p. A14

O ex-presidente do Equador Lúcio Gutiérrez renunciou ontem à condição de asilado político no Brasil. Por meio de carta enviada ao secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, Gutiérrez alegou que deverá viajar para os EUA por razões estritamente pessoais. O ministério informou que, com a decisão, o ex-presidente perderá a proteção diplomática e o direito a passaporte especial e a carteira de identidade no País. Caso permaneça no Brasil, estará ainda sujeito a possível processo de extradição, se tal demanda for apresentada pelo atual governo equatoriano ao Supremo Tribunal Federal. A concessão do asilo ao presidente, destituído em 20 de abril pelo Congresso equatoriano, foi um episódio curioso na história diplomática brasileira. Gutiérrez buscou proteção diplomática na embaixada do Brasil em Quito, que acabou sitiada por manifestantes que exigiam o seu julgamento por corrupção. Mesmo com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conceder-lhe o asilo territorial no Brasil, Gutiérrez só foi retirado de seu país depois de ter obtido um salvo-conduto do governo equatoriano e por meio de uma intrincada operação militar no final de abril, que envolveu a Força Aérea Brasileira e a polícia local.

Alojado inicialmente com sua mulher, Elsa Ximena Bohórquez, e sua filha mais nova, Viviana Estefanía, em um hotel do Exército em Brasília, Gutiérrez se mudou posteriormente para o Rio, de onde enviou a carta ao Ministério da Justiça. No início de maio, Elsa e Viviana decidiram renunciar ao asilo e retornar ao Equador. Elsa retomou sua cadeira de deputada no Congresso pelo Partido Sociedade Patriótica, fundado por seu marido em 2002. Recentemente, Gutiérrez havia encaminhado ao Ministério da Justiça um pedido para obter o passaporte especial para asilados políticos para participar de conferências nos EUA.