Título: EUA querem IPI de veículos uniforme
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2005, Economia, p. B6

O governo dos Estados Unidos quer o fim da diferenciação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre os veículos no Brasil. Em proposta enviada à Organização Mundial do Comércio (OMC), os representantes americanos pedem que todos os países onde exista tal diferenciação façam uma revisão de suas leis, já que essas taxas significariam a discriminação contra certos produtos em benefício de outros. Para os americanos, portanto, a diferença nos impostos internos acaba sendo uma barreira ao comércio, que precisa ser revista. No Brasil, o IPI para automóveis está dividido em três níveis, dependendo da potência do motor: 9%, 13% e 20% para carros bicombustíveis e 9%, 15% e 25% para carros a gasolina. Membros da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) se defendem e argumentam que essa diferenciação não existe apenas nos países em desenvolvimento.

Ontem, governos de vários países foram convidados pelos Estados Unidos para uma reunião na OMC, na qual os americanos apontaram fatos que, em sua opinião, constituem ao comércio de veículos no mundo.

"Foi uma primeira reunião exploratória", afirmou Rogério Rezende, representante da Scania América Latina, e que veio a Genebra acompanhar as negociações sobre bens industriais na OMC.

O interesse do setor privado pelas negociações vem crescendo à medida que se aproxima o momento de os países começarem a fazer concessões para conseguirem ganhos em áreas de seu interesse.

Americanos, japoneses e europeus insistem em cortes drásticos nas taxas de importação de bens industriais em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Washington chegou a propor um corte total nas tarifas para alguns setores, entre eles o automotivo. Mas os governos dos países em desenvolvimento resistem a essa proposta, considerada ambiciosa demais. No caso do Brasil, o Imposto de Importação sobre veículos é um dos mais altos praticados pelo País, e chega a 35%.

Os representantes do setor automotivo brasileiro admitem que uma redução das tarifas de importação acabará ocorrendo como resultado das negociações na Organização Mundial do Comércio, mas a questão é saber qual será o ritmo desse corte e a sua profundidade.