Título: Empresários procuram PF para confirmar extorsão
Autor: Christiane Samarco, Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2005, Nacional, p. A4

Pelo menos dez empresários procuraram a Polícia Federal nos últimos dias para denunciar extorsão praticada, segundo eles, pelo chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material, Maurício Marinho. Entre esses empresários, figura Haroldo Cláudio, dono de uma empresa do ramo de calçados, que disse à PF ter recebido de Marinho proposta de pagar R$ 350 mil para ganhar licitações viciadas na ECT. O dinheiro, segundo o denunciante, seria para o PTB. Segundo o delegado Luiz Flávio Zampronha, que dirige o inquérito, o grande número de denúncias reforça a convicção de que Marinho não mentiu quando disse, em fita divulgada há um mês pela revista Veja, que integrava um núcleo de corrupção montado pelo PTB na estatal. Até agora, porém, conforme o delegado, não foi encontrada nenhuma prova de ligação do esquema com o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

A central de fraudes da ECT, conforme Marinho confessa na fita, seria comandada pelo titular da Diretoria Administrativa, Antônio Osório Batista, e integrada ainda pelo assessor Fernando Godoy, ambos também afastados dos cargos. Marinho e Godoy já estão indiciados por corrupção passiva e fraude em licitações, podendo pegar de 3 a 9 anos de prisão se forem condenados. Osório deve ser convocado a depor na próxima semana e também deverá ser indiciado.

Em depoimento ontem, o jornalista Policarpo Júnior, autor da reportagem na revista, confirmou a autenticidade da fita de vídeo. No dia anterior, as secretárias Vanda Pereira e Sibele Ribeiro, da ECT, confirmaram que a agenda de trabalho de Godoy desaparecera da mesa delas no fim de semana em que a denúncia se tornou pública, quando a repartição estava fechada. Godoy esteve no local duas vezes no fim de semana em que a agenda desapareceu.

Ontem, o ex-assessor fez retificação da sua declaração de renda e pagou R$ 50 mil de imposto adicional. No depoimento, para justificar o patrimônio incompatível com a renda, ele disse que recebia renda extra por atividades de corretagem de imóveis, as quais não declarara à Receita.