Título: Lula anuncia plano do governo para a reforma política
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2005, Nacional, p. A12

Na tentativa de retomar o controle da agenda política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que dentro de 45 dias o governo terá pronto um pacote com sugestões para fazer avançar a reforma política. A elaboração do projeto será coordenada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o o conjunto de sugestões será imediatamente encaminhado ao Congresso Nacional. "Eu acho extremamente importante a gente aproveitar esse momento político para discutir esse tema que, de vez em quando, se transforma em tabu dentro do Congresso Nacional", declarou o presidente. Ele disse acreditar que a reforma política "começa a ser uma palavra mágica que todo mundo fala a todo instante, mas a gente não quebra a casca do ovo para que a gente possa a ver o que vai sair de dentro daquele ovo".

Lula comentou que o tema se arrasta há anos no Congresso e agora surgiu o momento ideal para debater o funcionamento dos partidos políticos, as regras eleitorais e a regulamentação do financiamento das campanhas. A fala do presidente ocorreu na cerimônia de nomeação dos membros dos Conselhos Nacionais da Justiça e do Ministério Público.

Lula repetiu o tom do discurso de anteontem, quando alertou que as investigações para apurar as últimas denúncias de escândalos envolvendo parlamentares da base aliada e dirigentes do PT serão feitas "até as últimas conseqüências".

No discurso, parte lido, parte de improviso, Lula disse que o governo não pretendia ser voz determinante no formulação da reforma política, mas mesmo assim pediu ao ministro da Justiça para coordenar a elaboração de uma proposta, para dar mais rapidez à questão. "Na hora em que houver disposição política, a reforma política fluirá com tanta rapidez que todos vão ficar surpresos por que ela demorou tanto a ser aprovada", disse.

Mesmo apostando que agora será possível pensar na aprovação de um projeto definitivo com rapidez, Lula disse não entender os motivos pelos quais a reforma política, tramitando há mais de uma década no Congresso, com inúmeras propostas, não avança. "Por que não anda se a grande maioria, perguntada, é favorável?", indagou.

Lula assegurou que "ninguém, individualmente, levará vantagem com a reforma, nenhum partido político, individualmente ganhará". Ao final, para o presidente, "quem ganhará será a sociedade brasileira, os partidos políticos e a democracia".

TRAMITAÇÃO

Na cerimônia, o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), anunciou que, na semana que vem, se reúne com os líderes partidários para discutir uma forma de acelerar a tramitação da reforma política. Ele acha que, se a tramitação for rápida, será possível aprová-la até outubro no plenário da Câmara para que as novas regras vigorem já nas eleições de 2006.