Título: Cresce nos EUA a rejeição à guerra
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2005, Internacional, p. A17
Pela primeira vez desde o início da guerra no Iraque, em março de 2003, mais da metade dos americanos acredita que a invasão desse país não tornou os EUA mais seguros, de acordo com pesquisa encomendada pelo jornal The Washington Post e TV ABC. Cinqüenta e dois por cento dos entrevistados disseram que o conflito não contribui para a segurança do país a longo prazo, enquanto 47% pensam o contrário. No fim de 2003, 60% dos americanos achavam que a guerra tornaria a nação mais protegida do terrorismo. Quase três quartos dos consultados dizem agora que o número de baixas entre as forças dos EUA é inaceitável (1.680 soldados mortos desde a invasão) e dois terços acham que o Exército mergulhou num atoleiro.
Outro dado importante: embora o presidente George W. Bush esteja agora se concentrando em questões domésticas, como as mudanças na previdência social, a pesquisa constatou que para os americanos o Iraque continua assunto de destaque, só perdendo em relevância para a economia.
Após a formação do novo governo iraquiano, em 28 de abril, o país mergulhou numa nova escalada de violência que já custou a vida de quase 800 iraquianos (civis e militares) e 80 soldados dos EUA. Somente ontem, 11 iraquianos morreram em atentados, um dos ataques com carro-bomba, em Baquba, norte de Bagdá. O comando das forças americanas informou que quatro de seus soldados foram mortos em ataques de rebeldes entre terça-feira e ontem.
Na ofensiva lançada terça-feira pelas tropas americanas e iraquianas em Tal Afar, no noroeste do Iraque, dez militantes morreram, segundo as forças dos EUA. Ontem também, um oficial do Exército iraquiano informou que 20 soldados desapareceram, provavelmente seqüestrados por extremistas.
Há sinais, porém, de que alguns dos grupos que resistem ao novo governo e às forças de ocupação estão dispostos a negociar condições para depor armas. O político sunita Ayham al-Samarie informou na terça-feira que duas organizações islâmicas têm mantido contatos com autoridades. Um alto funcionário americano confirmou ontem essa informação.
O governo provisório, de maioria xiita e curda, tenta também chegar a um acordo com entidades muçulmanas sunitas - que boicotaram a eleição de janeiro - para sua representação na comissão, de 55 membros, que redigirá a nova Constituição. Mas líderes sunitas rejeitaram a oferta de indicarem 13 delegados para a comissão. Eles reivindicam 25 vagas para os sunitas, que perfazem cerca de 20% da população.
MILÍCIAS
O presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, elogiou ontem as ações das milícias xiitas e curdas para garantir a segurança do Iraque. A afirmação provocou indignação entre líderes sunitas, que acusam as Brigadas Badr (xiitas) de ações de extermínio contra clérigos e outros membros dessa seita. Foi a primeira vez que o novo governo expressou apoio público às milícias. Os EUA pressionam o Iraque a desmantelar as milícias.