Título: Manifestação para reduzir impostos de microempresas reúne 3 mil em Brasília
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2005, Economia, p. B4

Uma carreata de mais de 60 ônibus, tendo à frente uma carroça puxada por um burro com a faixa "carga tributária", marcou a mobilização de cerca de 3 mil empresários, ontem, na Esplanada dos Ministérios, em defesa da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Cópias do anteprojeto de lei, que pretende simplificar o recolhimento de tributos e a abertura e o fechamento de pequenas empresas, foram entregues ao presidente Lula e aos presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti, e do Senado, Renan Calheiros. A proposta foi concluída no ano passado pelo Sebrae e entregue à equipe econômica do governo em setembro, mas até hoje não saiu das análises. Alguns pontos, no entanto, podem ser incluídos na "MP do Bem" que o governo pretende anunciar hoje. Ao deixarem o Palácio do Planalto, os empresários afirmaram que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi receptivo à idéia de atualizar os limites de faturamento para enquadramento das micro e pequenas empresas no atual regime tributário simplificado do segmento e também à criação de uma tabela progressiva de impostos para esses pequenos empreendimentos. O limite passaria de R$ 1,2 milhão anual para até R$ 3,6 milhões, independente do segmento em que atuam. "No entanto, ele ressalvou que ainda é preciso concluir análises sobre a proposta", disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.

Para pressionar as autoridades a colocar o assunto em pauta, manifestações foram feitas em São Paulo, Porto Alegre e Salvador, com o fechamento ontem em Brasília. Um grande espetáculo foi montado no Congresso, usando o grande número de pequenos empresários: cartazes e bandeiras foram agitados, houve queima de fogos de artifícios, enquanto um carro de som reproduzia um jingle criado para o evento. Uma massa de pequenos empreendedores, uniformizada com camisetas com inscrições em defesa da lei e gritando palavras de ordem, lotou o Salão Negro da Câmara. Conseguiram a adesão, pelo menos em discurso, do presidente da Casa. "Vamos abraçar essa causa, porque ela é a causa do povo", disse Severino Cavalcanti.