Título: Situação de Meirelles é insustentável e ele deve sair já, defende oposição
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Nacional, p. A6

Parlamentares de partidos de oposição defenderam ontem a imediata demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Na avaliação dos oposicionistas, o presidente do BC não tem condições de permanecer à frente do instituição desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o Ministério Público a investigar Meirelles por suposta prática de evasão de divisas, crime eleitoral e lesão ao sistema financeiro. "Ele (Meirelles) tinha de estar em casa há muito tempo. Mas é uma tendência do governo Lula de proteger e acobertar figuras que têm, no mínimo, um histórico polêmico", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). "O presidente do BC não tem possibilidade de exercer de forma plena o seu cargo", disse o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Meirelles considera que a simples permanência do debate sobre sua saída do BC na imprensa já é suficiente para dificultar suas pretensões políticas em Goiás. Ontem, o Palácio do Planalto cumpriu a formalidade de dar uma satisfação pública a Meirelles a respeito da sua possível saída do BC: por meio da Secretaria de Imprensa divulgou uma nota lacônica na qual considera , de forma genérica, "infundadas" notícias "sobre uma eventual troca de comando do Banco Central". "O Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, permanece em suas atuais funções, que vem exercendo com competência e espírito público", garantiu a nota. Não disse, porém, por quanto tempo.

Meirelles optou pelo silêncio diante das notícias. Ele gostou da nota, mas interpretou-a como uma consideração pessoal do governo. A pessoas mais próximas, ele não tem escondido seu abatimento, porque acha que ainda vai enfrentar muitas críticas e desgastes que podem afetar a retomada de seu projeto político: Meirelles tem a pretensão de disputar ou o governo estadual ou o Senado por Goiás.

Alguns dos interlocutores de Meirelles, confidenciam que Lula já teria realmente avisado a ele que precisará de tirá-lo do cargo. O ministro Romero Jucá, disse ontem, em Sorocaba, que só deixa o cargo se o presidente Lula pedir.