Título: Dobra o crédito no Modermaq
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B4

As aprovações do Modermaq, linha para renovação industrial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), duplicaram em maio, comparadas com os meses anteriores. Passaram da média mensal de R$ 102 milhões desde janeiro para R$ 232 milhões no mês passado - um avanço de 130%. Para o banco, o avanço reflete a redução dos juros do programa, que já aprovou R$ 780 milhões desde setembro. "O Modermaq dá prejuízo ao banco, mas é um esforço importante para a política industrial", disse o diretor Maurício Borges Lemos, da área de operações indiretas. Com a redução do spread (taxa de remuneração) do BNDES na linha, anunciada em abril, sobra 0,25% de margem ao banco, depois da TJLP (9,75%). Segundo o diretor, o custo administrativo é de 0,5% e os impostos equivalem a 0,4%.

Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, a demanda avançou porque ficou mais barata. Com a redução do spread nesta linha de 1,25% para 0,25%, o custo do empréstimo caiu de 14,95% para 13,95% ao ano. Gomes de Almeida diz que a taxa não é negativa, porque paga a TJLP.

"Acho que o banco é para isso. Tem de selecionar algumas linhas em que ele admite não ter rentabilidade", comentou, citando que as instituições financeiras têm linhas de menor retorno compensadas por outras. Ainda assim, para ele, "cortar na própria carne" não basta. "A solução mais definitiva, melhor, é a redução da TJLP", afirmou o diretor do Iedi.

Desde o início da operação, em setembro, já foram aprovadas 1.678 operações. A linha financia a compra de máquinas e equipamentos aos setores industrial e de construção civil. Do total aprovado até maio, 28% foram para construção, 28% agroindústria, 9% química e petroquímica, 6% mecânica, 5% indústria extrativa, 5% metalurgia e 26% para outras áreas.

O diretor do BNDES avalia que a linha deverá permanecer acima de R$ 200 milhões nos próximos meses. Segundo o chefe do departamento do Finame, Cláudio Leal, a procura em junho está aquecida. Caso o novo nível se confirme, a linha somaria aprovações de R$ 1,4 bilhão nos 12 primeiros meses. O valor, contudo, é inferior ao orçamento inicial de R$ 2,5 bilhões.

O diretor do Iedi não vê como contraditória a expansão do Modermaq, depois de um início de ano com os investimentos desacelerando junto com a economia. "Não é contraditório. Houve uma reação, o governo reduziu os juros. mesmo que a economia não esteja crescendo tanto, tem muita empresa tentando se modernizar. O programa veio na hora", afirmou Gomes de Almeida.

Segundo Borges Lemos, o setor agrícola puxa para baixo a demanda por máquinas e equipamentos neste primeiro quadrimestre. Ainda assim, as linhas voltadas aos bens de capital, incluindo ônibus e caminhões, cresceram 9,6% no período.