Título: Bloqueio acaba e Repsol volta a produzir
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B6

A produção de gás natural dos quatro campos da companhia espanhola Repsol YPF na Bolívia voltou ao normal na tarde de ontem, logo que o bloqueio às instalações foi abandonado por manifestantes, informou uma fonte da empresa. "A produção está normalizada", disse a fonte, em Santa Cruz de La Sierra, sede da empresa. Pouco antes do anúncio, o diretor de Comercialização de Gás da companhia, Marco Aurélio Tavares, disse que a produção estavas prestes a ser retomada, após o fim do bloqueio que durou uma semana. Segundo Tavares, as estradas haviam sido desbloqueadas e, em até três dias, o abastecimento seria normalizado. "O pessoal que havíamos deslocado daquelas unidades (invadidas) já está sendo recolocado", afirmou.

A melhora no cenário boliviano após a posse do novo presidente do país, Eduardo Rodríguez - até então presidente do Supremo Tribunal -, foi a tônica da reunião de ontem do comitê criado no dia anterior pelo governo brasileiro, disse um dos participantes do encontro.

A avaliação geral foi que o plano de racionamento do uso do gás não deveria se estender além das térmicas e refinarias da Petrobrás. Segundo Tavares, apenas esses dois segmentos são capazes de gerar uma economia de 10 milhões de metros cúbicos por dia, ou cerca de 40% do volume importado atualmente da Bolívia.

"A reunião de hoje (ontem) começou com um cenário bem diferente. Os produtores disseram que houve desbloqueio de estradas e que o combustível começa a fluir", disse a fonte.

Na primeira reunião do comitê, o cenário mais pessimista previa a redução das importações - hoje em 24 milhões m3 por dia - para 8 milhões de metros cúbicos por dia. Nesse caso, seriam necessários, além do corte do fornecimento a térmicas e refinarias, um aumento na produção nacional e a redução do abastecimento de clientes que pudessem usar outros combustíveis.

A Repsol já havia reduzido sua produção boliviana em 3,5 mil barris de óleo por dia, o equivalente a 528 mil m3 de gás natural. A Petrobrás trabalhava com prazo de até uma semana para começar a fechar poços produtores por falta de capacidade de escoamento do óleo extraído com o gás. Apesar da melhoria no cenário, Tavares disse que o plano de contingência será mantido.