Título: China prestes a romper com dólar
Autor: Keith Bradsher
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B9

A liderança política da China está considerando romper o elo de 11 anos entre o dólar e a moeda chinesa, o yuan, e ancorar seu valor a um grupo de moedas, disseram autoridades chinesas em entrevistas. A proposta, estudada em reuniões quase diárias do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, usaria a chamada cesta de moedas para estabelecer o valor do yuan. O yuan flutuaria nos mercados de moeda em relação aos valores médios do dólar, do iene, do euro e, possivelmente, da libra britânica.

Pelo sistema, porém, o valor inicial do yuan ficaria, em termos de dólar, muito perto do seu atual valor de 8,277.

Os membros do Comitê Permanente - os nove homens mais poderosos da China - estão cautelosos e não pretendem permitir que o yuan aumente drasticamente de valor ao ser ancorado à cesta de moedas, disseram as autoridades.

Ancorar o yuan a uma cesta de moedas e não apenas ao dólar tornaria a moeda um pouco mais flexível e menos suscetível às flutuações da moeda americana.

Assim, se o dólar cair em relação ao euro, ao iene e a outras moedas da cesta, o valor do yuan aumentará gradativamente em termos de dólar. Se o dólar subir, como aconteceu no mês passado, então o yuan pode cair em termos de dólar, fazendo com que as exportações chinesas fiquem ainda mais baratas nos EUA.

O governo Bush e muitos membros do Congresso vêm pedindo que a China permita a valorização de sua moeda e, provavelmente, não ficarão satisfeitos com a mudança que mantém a moeda no seu valor atual.

INCENTIVO

Os ministros das Finanças dos Grupo dos 8 (G-8) - sete nações industriais líderes e mais a Rússia - estão reunidos em Londres desde ontem. A expectativa é que emitam uma declaração hoje, quando termina o encontro, possivelmente com mais premência do que em reuniões anteriores, incentivando a China a permitir uma maior flexibilidade do yuan.

Se Pequim empurrar o valor do yuan para cima, tornando as mercadorias chinesas mais caras nos EUA e as mercadorias americanas mais baratas na China, a teoria econômica indica que isso fará com que o déficit comercial americano com a China diminua um pouco.

O Comitê Permanente do Politburo chinês, que inclui o presidente Hu Jintao, o primeiro-ministro Wen Jiabao e sete outras altas autoridades comunistas, ainda não tomou uma decisão se vai agir e quando. Talvez tome logo uma decisão ou espere até o próximo ano.