Título: Infraero teme TCU e decide não alongar prazo da Varig
Autor: Isabel Sobral e James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2005, Economia, p. B13

A diretoria da Infraero decidiu vetar a orientação do vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, de dar 15 dias de prazo para a Varig recolher as tarifas aeroportuárias. A decisão foi tomada por orientação do departamento jurídico da estatal, para quem a medida pode ser condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como gestão pública temerária. Ontem, segundo fontes do governo, a Infraero enviou carta à Varig e a Alencar, informando a decisão de sua diretoria. A questão voltará a ser discutida na reunião do Conselho da estatal, no fim do mês. Com isso, o pagamento segue sendo diário e o fôlego de caixa que o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, havia comemorado anteontem não vai se concretizar de imediato. A ordem de Alencar foi vetada na Infraero porque, na avaliação dos advogados, ela pode ser condenada no Tribunal de Contas da União (TCU) como gestão pública temerária. Portanto, segundo decidiu a diretoria, a medida só será adotada se houver uma orientação expressa do Conselho, que é presidido por Alencar.

Desde outubro passado, a Infraero cobra diariamente essas tarifas para que a Varig opere seus vôos, por ela ter descumprido acordos para quitar uma dívida de R$ 132 milhões em tarifas, acumulada em 2004, e que está sendo cobrada na Justiça.

BANCO DO BRASIL

Oficialmente, o Banco do Brasil não confirma e nem nega a informação que as linhas de crédito com a Varig teriam sido reativadas, argumentando que se trata de relação comercial do banco e, como tal, não pode ser comentada por razões de sigilo bancário. Mas alguns interlocutores que acompanham o processo revelaram ontem que a reativação desse crédito à Varig não está definida. Até o fim de 2004, a Varig devia ao BB cerca de R$ 63 milhões já renegociados. A impressão geral entre os credores é que a direção da companhia, ao declarar como já acertado o empréstimo, tenta fazer pressão às autoridades para receber ajuda financeira. "Trata-se de um jogo pesado", resume uma fonte.