Título: Blitz incluiu Assurê e casa de amigo de Jefferson
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Nacional, p. A4

A Polícia Federal saiu às ruas do Rio bem cedo para cumprir vários mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária relacionados às investigações do escândalo dos Correios. Pouco antes das 7h, agentes da PF prenderam o consultor Arlindo Molina, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de tentar extorqui-lo com a gravação em que um executivo dos Correios, Maurício Marinho, negocia propina. Molina foi preso em sua casa, no Joá, bairro de classe alta da zona sul do Rio. Molina foi levado para a Superintendência da PF, na Praça Mauá. Ele seria transferido ainda ontem para Brasília. Após a prisão, os agentes procuraram documentos em sua casa. A Polícia Federal também fez buscas em pelo menos três outros endereços. Numa suposta empresa de Molina, no apartamento e corretora de seguros Assurê, do empresário Henrique Brandão, amigo de Jefferson.

A operação foi marcada pelo sigilo. Pelo menos 32 homens da Superintendência do Rio foram recrutados por um grupo de delegados vindos de Brasília para cumprir os mandados do juiz Clóvis Barbosa, da 10.ª Vara Federal de Brasília. Eles utilizaram carros descaracterizados e, apesar de armados, abordaram os locais discretamente.

O nome de Brandão aparece em gravação divulgada pela revista Veja em que o ex-presidente do IRB Lídio Duarte diz que os indicados pelo PTB para cargos em estatais teriam de contribuir com R$ 400 mil para o partido, além de atender a pedidos. Brandão teria levado os recursos para Jefferson. Depois, Duarte negou isso em depoimento à PF.

Os policiais permaneceram por cerca de uma hora no apartamento de Brandão na Avenida Atlântica, em Copacabana (zona sul) e quase seis horas na empresa. O empresário não estava em nenhum dos dois locais. Seu advogado, Edson Ribeiro, disse que Brandão está viajando no Brasil.

Ao deixar a corretora, o delegado Márcio Cunha, da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros, disse que foram apreendidos arquivos, documentos e o três computadores. A PF também copiou os discos rígidos dos cerca de 100 computadores da empresa. A agenda e outros documentos pessoais de Brandão também foram apreendidos, informou o advogado Alexandre Lopes, da Assurê. Ribeiro informou que um computador, fitas de vídeo e um laptop da filha do empresário foram levados do apartamento.

Ribeiro considerou as operações da PF "uma arbitrariedade". "Parece um revanchismo: vamos bater no amigo do Roberto Jefferson", disse.