Título: 'Aqui recusamos parlamentares, para que iríamos pagar?'
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Nacional, p. A6

Sandro Mabel diz que, se a deputada e o governador

citarem seu nome na CPI, terão que provar as acusações

Nos 20 minutos em que conversou com o Estado sobre o envolvimento do seu nome nas denúncias de compra de parlamentares, o deputado Sandro Mabel (PL-GO) mostrou-se tranqüilo, sem nenhum sinal de indignação. "Tenho tranqüilidade porque não tenho de onde tirar (o dinheiro)." O sr. conversou alguma vez com a deputada Raquel Teixeira (GO) para trocar de partido? Fez alguma proposta a ela?

A deputada uma vez me procurou e disse: Sandro, estou querendo ter mais espaço. Até havia uma assessora dela. Eu falei: Raquel, o PL está sempre de portas abertas. José Alencar (vice-presidente) já tinha falado isso para ela. Estamos precisando de mulher. Agora, financeiro? Recusamos 15 parlamentares em um ano, vamos dar recursos financeiros para quê? Primeiro não temos recursos.

Quando foi exatamente essa conversa com a deputada Raquel?

Não me lembro. Nem líder do partido eu era. Deve ter sido em 2003. Ela não se interessou. Ela foi conversar com a base dela e achou melhor não mudar. Achou que estava melhor no PSDB. Ela só queria entender o processo porque estava meio chateada com não sei o quê. Foi conversa de corredor.

Onde foi a conversa?

Aqui na Câmara, ou sei lá onde foi. Mas, como ela, já falei para o Pedro Canedo, para o Leandro, um monte de gente lá de Goiás na época. Agora, não tem nada disso de oferecer dinheiro.

O governador falou claramente que dois deputados foram assediados e Raquel confirmou que foi abordada.

Mas foi abordada com dinheiro? Então não foi comigo que ela conversou. É simples. É só chamar a Raquel ou quem quer que seja. A nossa posição é clara nesse assunto. Aqui recusamos parlamentares. Para que iríamos pagar parlamentar para vir?

Então por que o seu nome surgiu no meio dessa denúncia?

Sou candidato a governador. Sempre pode ter alguém que fale isso.

Raquel deverá ser chamada na CPI e o governador Marconi Perillo já se dispôs contar o que sabe. Se eles confirmarem o seu nome...

Se eles disserem o meu nome terão que provar. É fácil entender. Onde vamos arrumar R$ 30 mil por mês? Pode pegar as minhas contas, meu sigilo bancário, o que precisar. Para que vou fazer uma oferta de uma coisa que é impossível ser paga: R$ 30 mil por mês? Ainda ouvi que tinha um bônus de R$ 1 milhão. Vou fazer uma proposta para você. Quando você descobrir, me conta porque aí vou para esse partido também. Não tem cabimento. Vamos pensar. Não é aqui no PL porque para receber R$ 30 mil por mês, são R$ 360 mil por ano. Mais R$ 1 milhão, são R$ 1,360 milhão por ano, multiplicado por...são R$ 100 milhões por ano. Você acha que pode haver isso?