Título: Mabel nega mensalão, mas admite ter sondado tucana
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Nacional, p. A6

Apontado por dois parlamentares como a pessoa que assediou a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), para que ingressasse na base parlamentar do governo em troca de uma mesada de R$ 30 mil e bônus de R$ 1 milhão no final do ano, o deputado Sandro Mabel (PL-GO) nega as acusações. Ele admite que em 2003 conversou com a deputada, atual secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, mas ressalva que só a procurou porque soube que estava descontente com o PSDB e procurava outro partido. Em nenhum momento teria oferecido dinheiro. "Tenho o maior respeito por ela. É uma pessoa que gostaria que estivesse no PL", disse o deputado. "Você acha que alguém teria coragem de fazer uma proposta para Raquel desse jeito?"

Nos corredores do Congresso, uma das maiores dúvidas em torno do é sobre o nome do suposto intermediário entre a deputada e o PL. Segundo parlamentares do PSDB, na época em que foi abordada, Raquel ficou indignada e comentou o ocorrido com o governador Marconi Perillo e diversos colegas, conforme revelou o Estado. O nome da pessoa que teria feito a proposta, portanto, não é segredo. Vários políticos do PSDB dizem saber quem é, mas tratam o assunto com cautela. Acreditam que o governador e a deputado irão fazer a revelação no momento adequado.

Por enquanto, a preocupação dos tucanos é saber se a deputada tem provas que sustentem a denúncia contra Mabel, quando ela for convocada pela CPI que investigará o assunto. Mabel nega ter feito qualquer proposta desse tipo a Raquel.

"Não sei de onde saiu isso. Sou do PL. Tem a turma do PP, que tirou um monte de gente. O Pedro Canedo era do PSDB e foi para o PP. O Sandes Júnior também era do PSDB e foi para o PP. Então pode ser um desses parlamentares aí", afirmou. "O parlamentar que nós trouxemos para o PL foi o Enio Tatico que entrou comigo no partido, saiu e, há um ano, voltou." Mabel foi eleito pelo PFL, mas trocou de partido antes mesmo de tomar posse por divergências com o presidente local do partido, o deputado Ronaldo Caiado.