Título: INSS aposta em telefone para driblar greve dos servidores
Autor: Vânia Cristino,Colaborou: Rodrigo Gallo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Nacional, p. A11

O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) ampliou o atendimento por telefone, para evitar mais transtornos em conseqüência da greve dos funcionários que já dura nove dias e atinge com mais força as grandes cidades. A paralisação, segundo o presidente do órgão, Samir Hatem, não é total. Das 1.189 agências do INSS, 751 estão com atendimento normal. O servidores decidiram em assembléia realizada ontem manter a paralisação. O presidente do INSS disse que vários serviços podem ser solicitados sem ir à agência, como marcação de perícias, que representam 16% da demanda por atendimento nos postos.

Outros 25% dos clientes que ficam nas filas nas agências estão em busca de informação, o que pode ser conseguido com um telefonema. "Ajustamos o Previfone (0800-780191) para atender 250 mil ligações dia, enquanto a média de atendimento, por deficiência do sistema, vinha sendo de 55 mil ligações."

Devido ao funcionamento que também é parcial, Hatem disse que ainda não tem como medir o número de processos com pedidos de aposentadoria que não foram concluídos por causa da greve. Também não há como saber o número de pessoas que não foram atendidas nos postos que estão fechados.

O presidente do INSS acredita que bastarão poucos dias com hortas extras para compensar o tempo parado e colocar a casa em ordem . "As lideranças dos servidores foram precipitadas", queixou-se Hatem, que foi cauteloso ao falar sobre o corte dos dias parados. "Estamos aguardando orientação do Ministério do Planejamento".O Ministério do Planejamento já teria determinado corte do ponto.

DESCONTO

Com a manutenção da greve deliberada na assembléia geral de ontem, os trabalhadores em Saúde e Previdência já estariam tendo os dias parados descontados.

Para o diretor do sindicato da categoria (Sinsprev), José Rubens Decaris, a decisão não altera a posição dos servidores, que votaram pela manutenção da greve. "Toda paralisação tem esse risco, e a categoria sabe. Mas o governo, em vez de ameaçar, deveria abrir negociações." A categoria exige 18% de reajuste salarial.

Desde ontem, os dias parados já estão sendo analisados para que o Departamento de Recursos Humanos os desconte da folha de pagamento dos trabalhadores, a pedido do Ministério do Planejamento, Gestão e Orçamento, que conduz as negociações. O Ministério da Previdência admite, porém, que isso dificilmente ocorrerá. A expectativa é de que o desconto seja negociado com o Sinsprev.

A greve ontem atingiu 96% na Capital paulista e 61,5% na Grande São Paulo. No interior, a adesão atinge 46%.