Título: Para especialistas, número de novas vagas cairá este ano
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Economia, p. B6

A desaceleração da economia vai prejudicar a criação de postos de trabalho. Para especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da LCA Consultoria, serão geradas este ano menos vagas novas do que em 2004. Os dados deste ano já mostram menor ritmo de crescimento da massa salarial nos primeiros meses. Para o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, a criação de empregos formais deve ficar mais perto de 1 milhão de postos do que do 1,5 milhão de 2004, recorde histórico. Para Marcelo Ávila, especialista do Grupo de Trabalho do Ipea, devem ser abertas mais de 1 milhão de vagas, mas não será atingido o total de 2004.

O fraco desempenho da economia no primeiro trimestre e as revisões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para baixo esfriaram as expectativas quanto ao emprego. Ávila acredita numa melhoria da qualidade do trabalho (maior contratação com carteira assinada), mas em menor quantidade.

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que retrata só o emprego formal, foram abertos 1,546 milhão de novos postos em 2004. (ver reportagem acima) Segundo o Ipea, a Pesquisa Mensal de Emprego, que mede o emprego formal e informal nas principais regiões metropolitanas, refletirá a desaceleração do crescimento do PIB.

Nas seis regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve acréscimo de 646 mil postos de trabalho em 2004. Este total não deverá se repetir este ano, diz Ávila. Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador representam 25% do trabalho no País.

Os dados do IBGE deste ano mostram que, em março e abril, o crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) foi bem menor do que nos mesmos meses de 2004. A PEA é composta por pessoas empregadas ou à procura de emprego. "Com a desaceleração no trimestre e juros altos, talvez, na cabeça do trabalhador, tenha parecido mais difícil procurar trabalho este ano", diz Ávila.

Os dados também mostram desaceleração no crescimento da massa salarial, que atingiu em dezembro o ponto máximo de crescimento - 7,5% ante o mesmo mês em 2003. Em março, esta expansão encolheu para 5,3%, ante março de 2004.

O Ipea reduziu anteontem a previsão de crescimento do PIB de 3,5% para 2,8%. Bancos e consultorias também revisaram as estimativas para baixo.