Título: Bens da Vasp vão ser bloqueados
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2005, Economia, p. B18

O juiz Homero Batista Mateus da Silva, da 14ª Vara do Trabalho, determinou ontem o bloqueio de ativos financeiros e a penhora dos bens da Vasp e de seus controladores até o limite de R$ 75 milhões. A decisão é resultado do descumprimento do acordo firmado no dia 27 de maio, na 14ª Vara, entre o empresário Wagner Canhedo, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e sindicatos. Os recursos arrecadados serão destinados ao pagamento de salários, rescisões e outras dívidas trabalhistas de funcionários e ex-funcionários da empresa no Estado de São Paulo.

Pelo acordo, a Vasp se comprometera a apresentar uma carta de fiança no valor de R$ 40 milhões e a quitar, até sexta-feira passada, parte da dívida trabalhista. Na assinatura do acordo, que contou com a presença do diretor-geral do Departamento de Aviação Civil (DAC), Jorge Godinho, Canhedo foi acompanhado de uma suposta investidora, Joicy Von Stwezzer, de uma empresa chamada GBDS que estaria disposta a adquirir o controle da Vasp e honrar o acordo. Mas, como declarou ontem ao Estado o ex-sócio de Joicy, Eduardo Teixeira da Silva, a GBDS não passa de uma empresa fantasma que já teria dado outros golpes.

Não cabe recurso à decisão do juiz Mateus da Silva, mas Canhedo poderá tentar prolongar a execução de seus bens, contestando valores. "Não foi o fim que o trabalhador queria, mas não deixa de ser uma vitória", diz o presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Uébio José da Silva. "Ainda vai demorar para vermos a cor do dinheiro, mas pelo menos é uma garantia."

O teto de R$ 75 milhões servirá para pagar apenas uma parte das dívidas trabalhistas, estimadas em R$ 400 milhões. "Poderemos solicitar, no futuro, a penhora de outros bens", afirma a procuradora Viviann Rodriguez Mattos. Hoje, o Ministério da Defesa terá de decidir se prorroga ou não a concessão da Vasp.