Título: Francesa é libertada no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2005, Internacional, p. A10

Libertada no sábado depois de 157 dias de cativeiro no Iraque, a jornalista francesa Florence Aubenas regressou ontem a Paris, onde o clima nos meios oficiais era de euforia pelo êxito das negociações com os seqüestradores. Ela estava surpreendentemente bem humorada e contou um pouco de sua saga de cinco meses. "Os seqüestradores me disseram: 'Você está muito deprimida e poderá ver televisão'", destacou, acrescentando: "Sabemos que a televisão levanta o ânimo." Os seqüestradores desamarraram os pés e as mãos dela e permitiram que ela tirasse a venda dos olhos: "Assim, pude ver na TV uma apresentadora com letreiro que a identificava como Florence Hussein. 'É bom sinal, disse para mi m mesma'. Logo apareceu um número, 140. Então concluí: 'Florence Hussein significa que falam de mim e número representa os dias de cativeiro."

Duas semanas depois, ela seria libertada com o guia Hussein Hanun, que já se reuniu com a família em Bagdá.

Florence desembarcou na base aérea de Villacoublay, de Paris. Ela veio de Chipre, para onde havia sido levada de avião de Bagdá. O chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, dirigiu-se a Nicósia num avião Falcon em companhia de Serge July, diretor do jornal Libération, no qual Florence, de 44 anos, trabalha (ler ao lado). Eles foram dar as boas vindas à repórter e trazê-la de volta à França.

O presidente Jacques Chirac manifestou alegria e ressaltou o " testemunho magnífico de solidariedade e esperança" registrado no mundo.

"Estou louca de alegria", exultou Sylvi, irmã de Florence. "Estamos todos extremamente aliviados e contentes por ela, e sobretudo, muito, muito agradecidos a todos que contribuíram para este desfecho feliz", acrescentou

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Dalil Bubakeur, expressou a "grande satisfação" da comunidade muçulmana francesa.

O secretário-geral dos Repórteres sem Fronteiras, Robert Menard, deu a entender que os intermediários dos seqüestradores pediram resgate de US$ 15 milhões. O governo francês respondeu, no entanto, que essa versão "não correspondia à verdade". Menard declarou depois que havia "se expressado mal". Mas as dúvidas continuam