Título: Trégua ameaçada: Sharon veta libertação de presos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2005, Internacional, p. A9

JERUSALÉM - Israel não vai libertar mais prisioneiros palestinos enquanto a Autoridade Palestina não adotar medidas duras contra os grupos extremistas, declarou ontem o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, numa reunião do governo. A medida é novo sinal de que o compromisso de uma trégua firmado por Sharon e o presidente da AP, Mahmud Abbas, em fevereiro, está prestes a esfacelar-se. "Não vamos fortalecer Abbas à custa de vidas israelenses", disse Sharon, segundo participantes da reunião. Ontem altos funcionários dos dois lados se encontraram para tratar da questão dos 400 presos que deveriam ser soltos, mas a reunião terminou com acusações mútuas. Os palestinos dizem que Israel está rompendo os termos do cessar-fogo, que reduziu drasticamente a violência nos últimos meses, e enfraquecendo Abbas. Já os israelenses repetiram as declarações de Sharon na reunião de gabinete, realizada horas antes.

Depois do encontro de fevereiro com Sharon, no Egito, Abbas persuadiu os grupos palestinos a pôr fim aos ataques contra colonos judeus e soldados israelenses, bem como aos atentados suicidas em Israel. Recentemente, porém, radicais lançaram foguetes contra a cidade de Sderot, no sul de Israel.

De sua parte, Israel se comprometeu a devolver cinco cidades da Cisjordânia ao controle da AP, libertar 900 prisioneiros e levantar bloqueios nas estradas. No entanto, o país só entregou duas cidades (Jericó e Tulkarem), soltou 500 presos e continua com as incursões para prender ou matar militantes palestinos acusados de envolvimento em ataques.

Sharon alega ter deixado claro que iria prosseguir com as intervenções militares sempre que palestinos estivessem preparando ataques e acusa Abbas de não ter cumprido sua obrigação de desarmar os militantes. Os grupos palestinos ameaçam pôr fim à trégua se Israel não interromper suas incursões e não soltar os prisioneiros.