Título: Petrobrás volta a operar com gás
Autor: Kelly Lima, Colaborou: Alaor Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2005, Economia, p. B6

As refinarias da Petrobrás voltaram a operar com gás natural, depois de substituir o combustível por cerca de quatro dias dentro do plano de contingenciamento implantado pelo governo na semana passada. "A situação está normalizada, por enquanto", garantiu ontem o presidente da estatal, José Eduardo Dutra, depois de participar do lançamento, na sede da estatal, do programa Petrobrás Fome Zero. O volume de gás importado da Bolívia pelo Brasil não chegou a ser reduzido. Mas Dutra não descartou uma nova substituição do gás por óleo combustível, se houver risco de desabastecimento. As refinarias consomem entre 2,5 milhões 3 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Um grupo, formado por técnicos da estatal e membros do governo federal e distribuidoras de gás, vai monitorar o abastecimento.

A situação da Bolívia, explicou Dutra, obriga o monitoramento constante do fornecimento de gás para o País. Estão em estudo ainda formas de substituir o gás natural por óleo combustível também em parte das indústrias. "Já estamos entrando em contato com concessionárias estaduais para que elas se entendam com os grandes consumidores no caso de ser necessária uma eventual redução no consumo."

Dutra diz que está garantido prioritariamente o abastecimento residencial e, em segunda instância, o de Gás Natural Veicular (GNV). Descartou a possibilidade de antecipar para 2007 a produção de gás no campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, medida que foi considerada por causa da crise boliviana. "Estamos trabalhando para colocar o campo em produção a partir de 2008, o que já pode ser considerado um recorde, já que ocorrerá apenas quatro anos depois de anunciada a descoberta."

Embora a estatal vá manter as atividades na Bolívia, os novos investimentos serão avaliados sob a ótica da nova legislação. "Cada projeto será reanalisado", disse Dutra. Entre os principais projetos de investimentos na Bolívia estão a construção de um pólo gás-químico na fronteira, em parceria com a Repsol, e ainda a ampliação do gasoduto Bolívia-Brasil. Por enquanto, afirmou, "todos os investimentos estão suspensos".

QUEIMA DE GÁS

A Petrobrás informou ontem que o aumento de queima de gás natural nas bacias do Solimões, na Amazônia, e em Campos, no Rio de Janeiro, é "temporária".

Segundo nota da estatal, o aumento da queima está "autorizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)" e resulta da quebra de um dos compressores para reinjetar parcela do gás produzido na bacia do Solimões dentro dos reservatórios produtores.

"Além disso, o gás produzido por essa bacia ainda não pode ser escoado até os mercados consumidores, o que só será possível quando forem concluídas as obras do gasoduto para escoamento do gás até Manaus. Esse compressor deverá voltar a operar em setembro", afirma a nota.

Conforme dados da ANP, a estatal queimou cerca de 9,4 milhões de metros cúbicos diários em abril, muito acima dos 4 milhões a 5 milhões registrados no final do ano passado.

No caso da Bacia de Campos, o aumento da queima é justificado pela entrada em operação de duas novas grandes plataformas de produção (a P-43 e a P-48), instaladas nos campos de Barracuda e Caratinga, sem que os seus módulos de compressão de gás estivessem em pleno funcionamento.