Título: No debate, até comentários sobre preferências sexuais
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2005, Nacional, p. A7

Parte da sessão em que deputados interpelaram Jefferson descambou para a baixaria

Principais trechos dos debates:

OS NOMES:

Diga os nomes dos deputados do PTB que lhe cobraram fazer o mensalão. (Deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, a Jefferson). Diga os nomes dos seus que recebem o mensalão. V. Exa. recebe e reparte. (Jefferson, a Valdemar)

GOSTOS:

Tenho respeito por V. Exa., tenho respeito até pelos gostos de V. Exa., que é um homem conhecido como mulherengo, jogador. (Jefferson, a Valdemar)

TESTEMUNHO:

Fui testemunha quando Roberto Jefferson disse ao presidente da República, no início de março, 'presidente, o sr. precisa ver essa questão do mensalão, porque isso pode atrapalhar o seu governo'. Ele ficou contrito, quase que descontrolado fisicamente. (José Múcio, líder do PTB)

O BAQUE DE LULA:

Ele (Lula) não admitiu como verdade. Ele tomou um baque, as lágrimas desceram dos olhos. Ele não me disse uma palavra. Ele me deu um abraço e eu senti a consternação do presidente. (Jefferson, sobre a reação de Lula ao ouvir sobre o mensalão)

CONVIVÊNCIA:

Convivi intimamente com dirigentes do governo, em especial, o ministro José Dirceu. Convivi muito com o Silvinho Pereira na formação da nomeação dos quadros do PTB; com Genoino e muito com o dr. Delúbio nas tratativas das campanhas. Com o presidente Lula, mais recentemente, o recebi em minha casa, no final do ano passado e, confesso, foi uma honra tê-lo recebido para jantar. É um homem honrado, é um homem correto. (Jefferson a Carneiro)

DIRCEU:

Não sei se o Zé Dirceu gosta de alguém, não sei. (Idem)

CHEQUE EM BRANCO:

Na política não tem cheque pré-datado, nem contrato escrito, nem nota promissora, vale a palavra. E o PTB honrou a palavra sempre que assumiu o compromisso com o governo. (Jefferson, explicando por que Lula disse que lhe daria cheque em branco)

DEFESA:

Eu tenho lido que ele (Lula) recomendou ao PT o afastamento do tesoureiro (Delúbio). Mas isso é decisão do partido, o presidente preside o governo, não é o presidente do partido. Pelo que entendo e reitero aqui, falei a um inocente que desconhecia o problema. (Jefferson)

ORIGEM DO DINHEIRO:

Tenho de perguntar isso (a origem dos recursos do mensalão) ao Genoino e ao Delúbio, mas pelo que ouvi da conversa do Marcos Valério, quando ele foi levar os recursos ao PTB na eleição, ele faz via agência de publicidade, na relação de contratos que tem com algumas empresas do governo. Marcos Valério, quero que o senhor (relator) guarde esse nome, é um carequinha lá de Belo Horizonte. (Idem)

BENEFICIÁRIOS:

Nomes de parlamentares que receberam (o mensalão) eu não sei. Sei dos presidentes e dirigentes do partido que recebiam para distribuir. (Idem)

DINHEIRO DAS EMPRESAS:

Mas se V. Exa. contestou o mensalão não haverá uma contradição em aceitar esse tipo de ajuda (às eleições) desse mesmo dinheiro, dessa mesma origem? (Do relator Jairo Carneiro). Não há partido nenhum aqui que faça diferente, nem o de V. Exa. Nenhum partido aqui recebe ajuda na eleição que não seja assim. Nenhum. Tenho a coragem de dizer de público aqui. Não aluguei meu partido, não fiz dele um exército mercenário, nem transformei os meus colegas de bancada em homens de aluguel. Aqui todos sabem de onde vem (dinheiro de campanha), só que nós temos a hipocrisia de não confessar ao Brasil. Estou assumindo isso aqui e faço como pessoa física, faço como Roberto Jefferson. O dinheiro vem dos empresários que, na maioria das vezes, mantêm relação com as empresas públicas. É assim e sempre foi. (Jefferson)

FOI LULA QUEM PEDIU:

Na conversa com o presidente Lula dessas nomeações que começaram a acontecer em janeiro, o presidente queria tirar o dr. Dimas (Fabiano Toledo) da diretoria de Engenharia de Furnas. E pediu a nós, eu e o Walfrido (Mares Guia), que indicássemos um nome para o lugar do Dimas. O presidente Lula estava magoado com o governador Aécio Neves que, usando toda a transferência de recursos que Furnas faz para a Cemig, fez um programa de mais de R$ 1 bilhão em Minas Gerais chamado Uma Luz Para Todos. E botou lá "Governo de Minas Gerais", um placão enorme e, com letrinha microscópica, "Apoio do Governo Federal". O presidente Lula se sentiu traído pelo Aécio e queria tirar o Dimas de Furnas. Chamou a mim e ao Walfrido. "Me dêem um nome para a diretoria de Furnas". Conversei inclusive com o senador Delcídio (Amaral) sobre o dr. (Francisco) Spirandel, um homem de currículo excepcional na área. A ministra (Dilma Roussef) festejou, passou pelos órgãos do governo, a Casa Civil festejou. E foi marcada a posse dele... Houve uma grande pressão antes para que ele não fosse nomeado. (Jefferson)

HOMEM DE PÉ:

Gostaria de falar de pé, porque meu pai me ensinou a não agachar para um homem que nem esse. Já carreguei saco de farinha, já amassei biscoito e já pus biscoito dentro de forno. Venho de família pobre, mas honrada. (Deputado Sandro Mabel, PP-GO, acusado de propor mensalão). Homem é quem fala de pé? (Jefferson a Mabel)

PALOCCI E SALOMÃO:

Eu disse ao presidente da República: 'O senhor não deu o cargo ao PTB? Por que agora o Janene e o Pedro Corrêa estão segurando o Lídio (no IRB)? Fui encaminhado a conversar com o ministro Palocci, que deu uma solução salomônica. 'Tem o dr. Appolônio, diretor administrativo, que é sobrinho do ministro Delfim Netto, indicado por ele para a função que ocupa. Eu vou fazer uma coisa, Roberto, que salva as duas situações. Ele fica como sendo do PTB e resolve essa queda de braço'. (Jefferson, a Mabel)

O PRIMEIRO MOMENTO:

Estamos vivendo o primeiro momento. Essas coisas virão. Virá pela secretária do Marcos Valério, que já está dizendo que empacotava dinheiro, virá pelo governador Perillo. (Jefferson)

ESTRELINHAS E CAMISAS:

Eu achava até que as campanhas do PT eram feitas com as estrelinhas e as camisas que a gente vendia na rua. Confesso que fico estarrecido. (Deputado João Fontes, PDT-SE, expulso do PT em 2003)

FICHINHAS E CABEÇÕES:

Sílvio Pereira, Delúbio, esses são fichinhas. Agora precisa vir o cabeção de todo esse processo, o articulador desse mensalão que V. Exa. diz rolar nesta Casa e que a gente aqui já ouviu comentários em todos os corredores, que é pura verdade o que V. Exa. está dizendo. (Idem)

HEMORRAGIA:

O governo do presidente Lula está sangrando. Sangrou muito nesta tarde.(Deputado José Carlos Aleluia, líder do PFL)

DINHEIRO DE CAMPANHA:

O Delúbio me disse que a menor pedida na eleição foi a do PTB... (Jefferson)

FINALIDADE DA MESADA:

No início, era para transferência de partido. Depois foi para votação. (Jefferson)