Título: Papa pede que mídia lute contra violência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2005, Vida, p. A11

Se ela for mal utilizada, diz Bento XVI, pode alimentar preconceito e desprezo

CIDADE DO VATICANO - O papa Bento XVI destacou ontem que os meios de comunicação de massa são um "extraordinário recurso" para promover a paz e pediu responsabilidade para evitar que sejam usados como instrumento de fomento à violência. Ele passou a mensagem a milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a reza dominical do Regina Coeli (que substitui o Ângelus no atual período religioso), aos quais disse que ontem se comemorava o Dia Mundial das Comunicações Sociais. "Na atual época da imagem, os meios de comunicação de massa são um extraordinário recurso para promover a solidariedade e o acordo entre a família humana", disse o papa, antes de destacar que isso se demonstrou "na ocasião da morte e das solenes exéquias" de seu "querido antecessor João Paulo II". Se forem mal utilizados, os meios de comunicação podem "alimentar o preconceito e o desprezo entre os indivíduos e os povos", destacou o religioso.

"Eles podem contribuir para difundir a paz ou para fomentar a violência. Por isso é preciso apelar sempre à responsabilidade", frisou, antes de pedir "objetividade, respeito à dignidade humana e atenção ao bem comum". "Deste modo se contribui para a queda dos muros de hostilidade que ainda dividem a humanidade", disse.

A mensagem do papa também fez referência à festividade religiosa da Ascensão, que a Igreja Católica comemorou ontem: "Somos chamados a renovar nossa fé em Jesus, a única fonte de salvação verdadeira para todos os homens". Após a reza do Regina Coeli, Bento XVI cumprimentou os presentes em italiano, inglês e espanhol, idioma em que dedicou uma saudação especial a um grupo de peregrinos de Madri.

DIÁLOGO

O papa Bento XVI expressou ontem ao rabino emérito de Roma, Elio Toaff, sua vontade de "continuar o diálogo" iniciado com João Paulo II, ao mesmo tempo em que agradeceu "as boas relações tecidas com a Santa Sé".

Em mensagem comemorativa dos de 90 anos de Toaff, o papa destacou a "ocasião para renovar o compromisso de continuar o diálogo entre nós, olhando para o futuro com confiança". Após evocar os estreitos laços que Toaff, quando era rabino-chefe, teve com João Paulo II, Bento XVI mencionou a visita de Karol Wojtyla à sinagoga de Roma em 1986, a primeira vez que um papa pisava num templo judaico.

"Lembro com alegria o abraço com o qual o acolheu (a Wojtyla) na sinagoga de Roma em 13 de abril de 1986", afirmou Bento XVI. A mensagem do papa foi entregue a Elio Toaff pelo cardeal alemão Walter Kasper.