Título: Líder do PT desiste de presidir CPI dos Correios
Autor: James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2005, Nacional, p. A14

O líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), não aceitou presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar as denúncias de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A amigos, o petista confidenciou que um dos motivos que o fizeram desistir do comando da CPI dos Correios foi o tom do depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que considerou "forte e contundente". Os líderes governistas estão confiantes, agora, em que o candidato da oposição ao posto, senador César Borges (PFL-BA), também abra mão da disputa. "É importante buscarmos uma solução negociada. Os nervos estão muito acirrados e vamos ver se, com a minha saída, o candidato de oposição sai também", justificou Delcídio. "Esse gesto vai ajudar e abre margem para um caminho negociado", avaliou o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN).

Mas César Borges não mostrou muita disposição para abandonar a disputa. "Minha desistência pode passar à população que fizemos um acordo com o governo", observou. Se não houver acordo, a definição dos postos-chave da CPI deve ser decidida em voto secreto esta tarde.

Os governistas trabalham com um novo cenário: deixar a presidência da CPI para o PT da Câmara e a relatoria com o PMDB do Senado. O senador Amir Lando (PMDB-RO), que foi relator da CPI do ex-presidente Collor, foi sondado para ficar com a relatoria. O nome mais cotado para a presidência ontem à noite era o do deputado Jorge Bittar (PT-RJ). Antes da desistência de Delcídio, o governo pretendia indicar o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a relatoria.

As negociações para um acerto se estenderam durante a tarde. No meio do pronunciamento do petebista, os líderes Agripino Maia e Arthur Virgílio (PSDB-AM) foram ao gabinete do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para insistir no nome de Borges para o comando da CPI dos Correios. "A oposição não abre mão do nome de César Borges. A presidência da CPI será decidida no voto", disse Mercadante.

A sessão para escolha do presidente e do relator da CPI dos Correios começou de manhã e logo foi suspensa. O longo depoimento de Jefferson e a tentativa do governo de aprovar duas medidas provisórias no plenário do Senado fizeram com que o assunto fosse deixado para hoje à tarde.