Título: Skymaster ligaria Silvio Pereira a Correios
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2005, Nacional, p. A12

Citada pelo deputado Roberto Jefferson em seu depoimento como uma empresa ligada ao secretário-geral do PT, Silvio Pereira, a Skymaster Airlines Ltda., criada em 1995, é especializada no transporte de carga aérea e tem com os Correios seu principal contrato. Com sede em Manaus, é responsável pela rota Fortaleza/Salvador/Rio de Janeiro/São Paulo/Brasília/Manaus, nos dois sentidos. Até outubro de 2003, a empresa cobrava R$ 430 mil por dia para transportar malotes postais no trecho em questão. A abertura de uma nova licitação, porém, realizada por meio de um pregão eletrônico naquele mês, reduziu o valor do contrato pela metade.

Além da Skymaster, participaram do leilão as empresas Varig Log e Brazilian Express. A Skymaster saiu de um preço inicial de R$ 300 mil para os dois trechos e, após 26 lances, chegou a R$ 213, 99 mil.

Na época da licitação, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) divulgou nota à imprensa afirmando que a redução dos valores se deveu aos esforços de um grupo de trabalho coordenado por um Comitê de Gestão de Despesas de Custeio. A economia anual anunciada com a renegociação do contrato da Skymaster foi de R$ 56 milhões.

Segundo a assessoria dos Correios, na época não foi detectado nenhum indício de que a Skymaster estaria operando, até então, de forma superfaturada. Ainda de acordo com a assessoria, as contas de 2003 foram examinadas pela Controladoria-Geral da União, que não detectou nenhuma irregularidade. O exame das contas é feito por amostragem e não foi possível saber se o contrato da Skymaster passou pelo crivo da CGU.

PREJUÍZO

Procurada, a Skymaster não respondeu às chamadas. Quando o nome da empresa surgiu nos jornais no mês passado, executivos da empresa justificaram a redução afirmando que estavam operando no prejuízo e só aceitaram operar dentro das atuais condições para não perder a rota.

No entanto, o custo por quilômetro cobrado anteriormente pela Skymaster, de R$ 39,94, era o segundo mais alto dentro da Rede Postal Noturna, nome dado ao serviço de carga aérea dos Correios. Com a redução do valor do contrato, o custo (de R$ 19,88) ficou na média. Há 13 contratos com custos superiores e 12 com custos inferiores.

A Rede Postal Noturna (RPN) é formada por 27 linhas, realizadas com 37 aeronaves de 10 diferentes companhias. Por dia são transportadas 500 toneladas de objetos postais. Além da renegociação do contrato da Skymaster, os Correios conseguiram renegociar, em 2003, outros 8 contratos com empresas de carga aérea, levando a uma redução de outros R$ 48,6 milhões, além dos R$ 56 milhões com a Skymaster.

A empresa começou a trabalhar para os Correios em 2000, quando a Vasp, uma das maiores fornecedoras da RPN, foi excluída por não apresentar certidão negativa de débito com a Receita e a Previdência. Na época, a empresa ganhou um contrato de emergência por dois meses, com as companhias Beta e TAM. Depois, quando a Transbrasil começou a apresentar dificuldades, a Skymaster teria subcontratado o serviço que ela prestava aos correios. Quando a Transbrasil parou definitivamente de voar, em dezembro de 2001, a Skymaster acabou ficando com as rotas.

Com uma frota de 8 cargueiros e 210 funcionários, a Skymaster tem como sócios, de acordo com o site da empresa, Hugo César Gonçalves, Luiz Otávio Gonçalves, João Marcos Pozzetti, Américo Proietti. Hugo é coronel reformado da Força Aérea Brasileira (FAB). Boa parte dos pilotos da empresa é também originária da FAB.

Além das denúncias de superfaturamento, a Skymaster está sendo investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por falsificação de documentos no ato de renovação das carteiras dos pilotos. A empresa alegava que os pilotos faziam reciclagem em simuladores de vôos nos Estados Unidos, mas os documentos apresentados seriam falsos.