Título: G-8 perdoa a dívida de 18 países pobres
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2005, Economia, p. B8

Os ministros das Finanças do G-8 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão, mais a Rússia como convidada) decidiram ontem perdoar US$ 40 bilhões da dívida que 18 dos países mais pobres do mundo têm com os organismos multilaterais de crédito - Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento. "Trata-se da mais abrangente manifestação que os ministros das Finanças já fizeram sobre as questões da dívida, desenvolvimento, saúde e pobreza. Não é hora de timidez, é hora de ousadia", afirmou o secretário do Tesouro britânico, Gordon Brown, ao anunciar a decisão. "Com o cancelamento da dívida, esses países vão investir em saúde, hospitais, enfermagem, educação, escolas, professores e infra-estrutura".

Jamie Drummond, diretor da organização Data, fundada pelo cantor Bono, do grupo U2, disse que "este acordo vai beneficiar muitas pessoas dos países paupérrimos, e foi um mérito de Gordon Brown e do secretário do Tesouro americano, John Snow. Foi também uma homenagem às organizações que fazem campanha de combate à pobreza".

Romilly Greenhill, da organização ActionAid, também elogiou a decisão, mas pediu ao G-8 que estenda o benefício a pelo menos 40 países que precisam do perdão total da dívida.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, reuniu-se em Washington, no início da semana, com o presidente George Bush e conseguiu convencê-lo a apoiar o plano. Bush queria conceder a ajuda de modo indireto, dando o perdão mas abatendo o seu valor dos futuros empréstimos ou doações. No fim, concordou com o perdão sem comprometer os programas de ajuda humanitária. Blair tem afirmado que no período em que a Grã-Bretanha presidir o G-8, no esquema de rodízio, sua prioridade será combater a miséria no Continente africano.

De início, serão beneficiados 18 dos Países Pobres Fortemente Endividados (PPFE), sigla criada pelo Banco Mundial para definir as nações que não têm condições de honrar o pagamento da dívida e seus serviços sem comprometerem investimentos em áreas básicas, incluindo a Bolívia, Benin, Burkina Fasso, Etiópia, Gana, Guiana e Mali. No total, eles economizarão US$ 1,5 bilhão por ano com esse perdão.

Enquanto isso, nove países estão perto de atingir os objetivos de boa governança para se habilitarem a esse benefício. No total, há 38 PPFEs.

Segundo o Banco Mundial, o total da dívida da África Subsaariana era de US$ 231 bilhões em 2003. Desse valor, US$ 69 bilhões correspondiam a empréstimos concedidos pelos organismos multilaterais de crédito. Naquele ano, a dívida externa global da África era de US$ 321 bilhões.