Título: No bastidor da coletiva de Delúbio, Marta chora
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2005, Nacional, p. A4

Nos bastidores do PT, o escândalo sobre o pagamento de mensalidades a parlamentares da base aliada vem tornando cada vez mais agudos os choques de tendências e personalidades. Um exemplo disso aconteceu na quarta-feira, quando a direção do partido definiu que a ex-prefeita Marta Suplicy ficaria, assim como o presidente da sigla, José Genoino, ao lado do tesoureiro Delúbio Soares na coletiva de imprensa na qual o dono do cofre do PT falaria sobre as declarações de Roberto Jefferson (PTB-RJ). A ex-prefeita, porém, deixou a sede do PT, minutos antes do início da entrevista coletiva, aos prantos, alegando mal-estar. Os dirigentes do partido viram jogo de cena na atitude, uma tentativa de Marta, pré-candidata ao governo paulista, de preservar imagem. "Se foi teatro ou não, só ela deve saber. Mas que pegou muito mal, pegou", confirmou um petista que presenciou a cena. "Foi oportunismo", anotou outro dirigente do partido.

A versão da ex-prefeita é outra. Sua assessoria de imprensa informou que ela não ficou para a entrevista "simplesmente" porque tinha outro compromisso já agendado. A assessoria salientou, inclusive, que Marta não foi a única integrante da executiva que deixou de acompanhar a entrevista de Delúbio.

MÁGOA

Os dirigentes petistas que se decepcionaram com a ausência de Marta comentam que a atitude da ex-prefeita foi "lamentável" porque, além de ser a primeira vice-presidente da legenda, portanto a segunda na hierarquia partidária - abaixo apenas de Genoino -, ela é próxima de Mônica Valente, mulher de Delúbio Soares. Mônica, inclusive, trabalhou com Marta na Prefeitura, atuando, primeiro, como chefe de gabinete e, depois, como secretaria de Gestão Pública. "O Delúbio ficou extremamente magoado com a Marta", diz um integrante da executiva. "Ninguém esperava esse tipo de comportamento dela. Ela simplesmente fugiu. Foi uma atitude covarde."