Título: Lula espera Jefferson e CPI para fazer mudanças no ministério
Autor: Christiane Samarco, Colaborou: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Nacional, p. A4

O governo aguarda o depoimento de hoje do deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, no Conselho de Ética da Câmara, para definir a estratégia e o momento ideal para as mudanças que fará na equipe. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que o governo precisa acompanhar a movimentação de Jefferson, tomar as rédeas da CPI dos Correios e reduzir a temperatura da crise antes de partir para a reforma ministerial, que já está decidida.

A troca do time deverá incluir a saída do ministro da Casa Civil, José Dirceu. O que se discute, agora, é se ele poderia ocupar um outro ministério ou se seria melhor retomar seu mandato na Câmara, já que é deputado federal licenciado. Lula está construindo uma "saída negociada" com Dirceu para que nada fique mal resolvido.

Num encontro a portas fechadas na noite de ontem com o presidente do PT, José Genoino, alguns deputados petistas chegaram a defender a saída de Dirceu do governo para preservar Lula. Mas o próprio presidente acredita que é preciso cautela nessa decisão.

De manhã, em reunião com ministros do núcleo político do governo, Lula desautorizou especulações em torno da reforma. "Esse assunto é da minha alçada e eu não vou tratar disso agora", encerrou. Dirceu estava presente.

De qualquer forma, interlocutores do presidente garantiram ao Estado que a reforma será ampla, incluindo até mesmo redução das secretarias. "O presidente só não quer fazer uma mudança mais profunda de afogadilho", contou um interlocutor de Lula.

Por enquanto, a estratégia do governo é tentar incansavelmente descredenciar Jefferson. "Ele é réu", insistiu ontem o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT).

PRIMEIRO-PETISTA

Na noite de domingo, Lula garantiu a Genoino que na primeira oportunidade defenderá mais o PT. Nos últimos dias, o presidente teve muitos atritos com o partido, já que a maioria dos parlamentares avalia a reação do governo às denúncias de Jefferson como pífias.

"Na primeira oportunidade, vou lembrar que sou o primeiro-petista", assegurou Lula para Genoino.

Apesar das evidências de que o governo se encontra em estado de alerta, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), garantiu que não há preocupação com as conseqüências das denúncias de Jefferson: "No governo e no PT não pega. E, onde pegar, que tenha punição."