Título: Nada há a temer, garante cúpula do PT a deputados
Autor: Carlos Marchi, Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Nacional, p. A5

Na véspera do depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, a cúpula do PT garantiu à bancada que não são verdadeiras as acusações contra dirigentes petistas. Na reunião da executiva nacional com deputados, houve consenso de que "não há nada a temer", segundo relatou Chico Alencar (RJ), integrante da ala rebelde que defende a CPI dos Correios. Acusado por Jefferson de organizar o pagamento de mesadas a parlamentares do PP e do PL, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, não foi à reunião. "Obtivemos a garantia de que não houve nenhum procedimento ilícito", disse Chico Alencar. Integrante do conselho, Chico revelou que a estratégia do PT será buscar as contradições de Jefferson e lembrar todas as acusações que pesam sobre o petebista, como um suposto envolvimento no esquema de corrupção nos Correios.

"Ele vai ter de provar muita coisa, porque ele virou o grande acusador nacional e é acusadíssimo em relação a esquemas nos Correios e em governos anteriores, um jeito de fazer política que não depõe em favor dele", afirmou Chico Alencar.

O deputado da ala radical petista deixou a reunião (antes do final) dizendo que o partido "está coeso na busca da verdade e no combate à corrupção" e que o "clima estava ótimo". Parecia ser um raro momento de harmonia entre todas as alas do partido e a cúpula.

TÁTICA

O líder do partido na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), não gostou de saber que seu colega do Rio antecipou detalhes da estratégia petista. "Chico Alencar não está autorizado a falar pela bancada até porque ele ficou apenas um terço da reunião", criticou.

Chico Alencar tinha dito pouco antes que o PT teria "quatro ou cinco atacantes" na sabatina a Jefferson. "Nosso time é coletivo, como o do Parreira", disse Chico. Rocha, porém, não quis falar em estratégia e saiu irritado, depois da entrevista. O presidente do PT, José Genoino, também não quis falar em tática petista para o depoimento de hoje.

Segundo Genoino, a reunião foi tratar de "entrosamento", embora tenha negado que falte união ao partido. O presidente petista disse que o partido vai responder às acusações mostrando "com números" as ações do governo Lula no combate à corrupção.