Título: Voto secreto deve definir hoje comando da CPI dos Correios
Autor: Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Nacional, p. A6

Os nomes do presidente e do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar denúncias de corrupção nos Correios serão escolhidos hoje em votação secreta. Com maioria dos 32 votos da CPI, os governistas estão dispostos a passar o rolo compressor e garantir parlamentares fiéis ao Palácio do Planalto nos postos-chave da comissão. Antes, porém, governo e oposição farão ainda mais uma rodada de negociações para tentar chegar a um acordo. Os partidos de oposição insistem no nome do senador César Borges (PFL-BA) para presidir a CPI, mas os governistas não aceitam. Sem acordo, o governo tentou ontem produzir um racha nos adversários, negociando apenas com o PSDB um nome alternativo - o do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). "O senador César Borges não pode ser desmoralizado. Não vamos quebrar nosso acordo com o PFL", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Estamos ao lado do PFL. Nosso compromisso é com a unidade oposicionista."

Se não houver acordo, o governo tentará eleger o líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), para presidir a CPI e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para atuar como relator. Os aliados do Planalto fizeram ontem uma manobra que sugeriu a intenção de tirar da presidência temporária da CPI o senador Jefferson Péres (PDT-AM). Como é o mais velho entre os titulares da comissão, acabou de completar 73 anos, Péres comanda os trabalhos da CPI até a eleição do presidente. Mas o PT resolveu indicar como titular o senador Saturnino Braga (RJ), seis meses mais velho que Péres. Diante da manobra governista, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), nomeou como titular da CPI o deputado Félix Mendonça (BA), que tem 77 anos. "O líder do PT me telefonou desmentindo que havia um movimento para me tirar da presidência da CPI", afirmou Péres.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que, se a oposição insistir no nome do pefelista baiano, a tentativa de acordo será inviabilizada. "Se oposição quiser o nome de César Borges, nosso esforço vai por água abaixo", disse Chinaglia. "Não é bom essa CPI ser presidida pelos xiitas. O problema não é o nome do senador César Borges e sim o grupo que ele representa. Têm setores do PFL que querem ver o circo pegar fogo", argumentou o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), um dos integrantes da CPI.

Em nota divulgada ontem, a cúpula do PFL defendeu o nome de Borges para a presidência ou a relatoria da CPI dos Correios. Os líderes do partidos, que se reuniram ontem em Salvador, garantiram que não vão recuar da indicação "para atender a caprichos do PT".

"Não há nenhuma chance de tirarmos o nome do César Borges", afirmou à noite o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). "Não vamos fazer nenhum acordo com o governo para não parecer para a sociedade que vamos transformar a CPI em pizza", completou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ) .