Título: EUA: maioria quer saída do Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Internacional, p. A10

WASHINGTON - Quase seis em cada dez americanos acham que os EUA deveriam retirar parte das tropas do Iraque, ou mesmo todo o contingente, de acordo com pesquisa de opinião do Instituto Gallup publicada ontem pelo jornal USA Today. Desde o início da invasão do território iraquiano, em março de 2003, essa é a sondagem que aponta um maior número de pessoas (59%) a favor de uma retirada. E pela primeira vez uma clara maioria (56%) afirma que ficaria insatisfeita se o presidente George W. Bush decidisse mandar mais soldados para o Iraque. Apesar da pesquisa, a Casa Branca voltou a descartar ontem a possibilidade de criar um cronograma para a retirada. "Partiremos quando terminarmos nossa missão", disse o porta-voz de Bush, Scott McClellan. Essa declaração era uma clara resposta ao deputado Walter Jones, da bancada do partido governista, o Republicano. Jones tem dito que vai apoiar um grupo de congressistas dispostos a apresentar esta semana um pedido de fixação do cronograma para a retirada.

Na pesquisa Gallup, de cada dez entrevistados três querem que todas as tropas saiam já. Outros três querem uma saída parcial. A porcentagem dos que defendem a remoção imediata ainda é pequena (28%), mas subiu 11 pontos em relação à pesquisa anterior, de fevereiro.

Na semana passada outra sondagem, divulgada pelo jornal Washington Post e a TV ABC, constatou que quase 60% dos americanos consideram que a guerra não tornou o pais mais seguro contra o terrorismo. No total, 58% desaprovam o modo como Bush conduz a guerra e a economia americana.

Nos cálculos da Associated Press, no fim de semana o número de americanos mortos no Iraque chegou a 1.701, após a morte de quatro soldados em ataques a oeste de Bagdá. Quatro carros-bomba detonados por atacantes suicidas e várias emboscadas mataram ontem pelo menos 14 iraquianos em Bagdá.

Apesar do otimismo da Casa Branca sobre a transição de poder em Bagdá, soldados americanos que atuam com as forças do Iraque disseram ao New York Times que pode levar vários anos até que as tropas iraquianas estejam em condições de enfrentar sozinhas a insurgência.