Título: EUA pressionam Brasil a adiar proposta à ONU
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Nacional, p. A9

CAIRO - O governo dos Estados Unidos pressiona Brasil, Alemanha, Índia e Japão para que adiem, por enquanto, a apresentação de sua proposta de ampliação do Conselho de Segurança diante da Assembléia Geral das Nações Unidas. A proposta dos quatro países, conhecidos como G-4, é que seja votada nas próximas semanas uma resolução estabelecendo a necessidade da inclusão de novos membros no principal órgão político da ONU. Segundo relevou ao Estado o vice-secretário geral da ONU, Shashi Tharoor, Washington está pedindo que a apresentação ocorra quando houver mais consenso entre os países sobre como deve ocorrer a reforma do Conselho de Segurança.

Brasil, Alemanha, Índia e Japão são candidatos ao novo órgão, que hoje conta com cinco membros permanentes e com poder de veto (EUA, China, Rússia, Inglaterra e França), além de dez membros que se alternam a cada dois anos e sem poder de veto.

Pela proposta do G-4, o processo de ampliação dos membros permanentes do CS foi dividido em três fases. Na primeira, que seria votada nas próximas semanas, a Assembléia Geral reconheceria a necessidade de reformar o órgão. Na segunda, seria estabelecido o número de novas vagas para o Conselho. Finalmente, no início do próximo semestre, seriam votados os nomes dos países que se candidatarem para fazer parte do órgão.

Segundo Tharoor, a Casa Branca não estaria "confortável" com esse cronograma acelerado do G-4. Por enquanto, Washington apenas declarou seu apoio à entrada do Japão, alegando que não poderia haver uma ampliação do Conselho de Segurança que não incluísse o governo de Tóquio, o segundo maior contribuinte à ONU. Mas os chineses já deixaram claro que consideram perigosa a proposta do G-4. Moscou também não gosta da idéia.

Diante das reações, o G-4 modificou sua proposta inicial e abandonou a idéia de dar aos novos membros poder de veto no CS. O vice-ministro de Relações Exteriores do Egito, Ahmed Fathallah, disse ao Estado que rejeita a proposta do G-4 de abandonar a idéia do veto. O Egito é um dos candidatos africanos ao CS e acredita que os novos membros precisam ter os mesmos direitos que os demais.