Título: Ex-mulher de Costa Neto deve depor
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Nacional, p. A5

Maria Cristina Mendes Caldeira e o

deputado do PL brigaram ao se separar Luciana Nunes Leal

Na defesa por escrito encaminhada ontem ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) inclui entre as testemunhas que pede para serem ouvidas a ex-mulher do deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP), Maria Cristina Mendes Caldeira. O casal teve uma separação tumultuada no ano passado, com acusações mútuas. Jefferson pede que sejam ouvidos também os ministros José Dirceu (Casa Civil), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Valfrido Mares Guia (Turismo). O presidente do PTB insiste que o chefe da Casa Civil tinha conhecimento do mensalão e não tomou providências para acabar com o pagamento de propinas a deputados do PL e do PP.

O documento, de apenas oito páginas, não traz provas documentais das acusações feitas por Jefferson, que motivaram a representação de Valdemar Costa Neto ao conselho, acusando o petebista de injúria e pedindo a cassação por falta de decoro parlamentar. Jefferson diz que Costa Neto recebia dinheiro do PT e distribuía para deputados do PL que votavam com o governo.

À defesa, foi anexado apenas um exemplar da revista Istoé Dinheiro, que traz uma entrevista da secretária Fernanda Somaggio, que trabalhou para o publicitário Marcos Valério (leia reportagem na pág. A14). Jefferson acusa do publicitário de ser o responsável pela distribuição do dinheiro do suposto mensalão. O presidente do PTB confessou ainda que recebeu de Marcos Valério R$ 4 milhões em notas de R$ 50 e R$ 100, enviados pelo presidente do PT, José Genoino, e que não foram declarações à Justiça Eleitoral. Fernanda, segundo a Istoé Dinheiro, confirmou a retirada de altas quantias no Banco Rural e no Banco do Brasil para serem levados a políticos.

O Conselho de Ética escolherá cinco testemunhas, entre as 21 citadas na defesa escrita, com pedidos de que sejam ouvidas. Outras pessoas serão convidadas por iniciativa do conselho. "Vamos escolher com bom senso. Não adianta trazer o Palocci, por exemplo, e ele dizer que não sabe de nada. Não podemos perder tempo", disse o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP). Jefferson diz ter falado sobre o mensalão com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que negou ter tido qualquer conversa sobre o assunto.

No documento, Jefferson se defende acusando Valdemar Costa Neto. Diz que o presidente do PL, ao pedir a cassação do petebista, tomou uma "iniciativa leviana e ofensiva" à imagem de Jefferson e fala em "caráter indisfarçavelmente intimidatório".