Título: 'Quero que julguem meu governo quando terminar'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Nacional, p. A6

Ao lançar a 'MP do Bem', presidente faz o desafio de ter sua gestão comparada com

a de todos os seus antecessores; Severino e Renan não compareceram à solenidade

Em meio à maior crise em seu governo, desencadeada pelas denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o lançamento do pacote de desoneração do setor produtivo para dizer que só quer que sua gestão seja avaliada no final do seu mandato. "Eu tenho dito, todo santo dia: quero que o meu governo seja aferido a partir do dia em que ele terminar e aí podem fazer comparação com todos os outros que vieram antes", disse Lula, em discurso de improviso, ao lançar um desafio: "Vamos ver em todas as áreas, em todas, sem distinção, quem é que fez mais por este país, quem é que consolidou as políticas corretas para este país", afirmou, batendo os dedos fortemente no púlpito que estava à sua frente.

Ao anunciar a chamada MP do Bem, Lula, pelo segundo dia consecutivo, pediu que o Congresso aprove as medidas encaminhadas pelo governo, o quanto antes, sem citar preocupação com a paralisação dos trabalhos por causa de CPI. Lula avisou que vai reduzir ainda mais os impostos do setor produtivo e desabafou: "Fomos eleitos para criar um novo ciclo de desenvolvimento para este país e eu sei que isso deixa muita gente nervosa, porque tem gente que gostaria que as coisas não tivessem dado certo e que o Brasil estivesse hoje totalmente quebrado como esteve duas vezes antes de nós assumirmos."

O presidente assegurou que fazia questão de dizer "mesmo contrariando o interesse de muita gente" que "vai manter uma política fiscal forte, que este País vai gastar apenas aquilo que pode e não aquilo que os interesses eleitorais permitiriam, e é a vontade de alguns".

AUSÊNCIAS

Apesar da convocação de 12 ministros, a cerimônia de anúncio da MP do Bem foi marcada por duas grandes ausências: dos presidentes da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além disso, mais da metade das cadeiras do salão nobre estavam vazias.

A expectativa, anunciada antes pelo governo, era de que os presidentes das duas Casas do Congresso estivessem presentes, como sinal de que a MP não foi construída apenas pelo Executivo e de que a tramitação da medida seria rápida.