Título: Tucanos vão à TV pedir apuração rigorosa de denúncias
Autor: Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Nacional, p. A8

O programa nacional de televisão do PSDB vai ao ar hoje à noite com uma pregação a favor da apuração rigorosa das denúncias de corrupção no governo Lula com o argumento de que essa é uma oportunidade para o fortalecimento das instituições democráticas do País. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso será o porta-voz do recado dos tucanos com uma fala de um minuto que encerrará o programa. Seguindo a linha cautelosa adotada pelos tucanos, desde o surgimento das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), sobre o suposto esquema do pagamento do mensalão a parlamentares aliados do governo, FHC gravou uma mensagem impessoal, sem ataques diretos ao presidente Lula. O ex-presidente dirá que a apuração isenta de denúncias faz parte do caminho de consolidação das instituições seguido pelos países mais desenvolvidos do mundo, e que a impunidade leva ao enfraquecimento da democracia.

Os três tucanos mais bem posicionados para disputar o Palácio do Planalto no próximo ano - o prefeito José Serra, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - aparecerão no programa nessa ordem, antes de Fernando Henrique, mas sem fazer referências às denúncias e à crise no governo. Dividirão em partes iguais um bloco de dez minutos, dedicado à exaltação das repesctivas administrações.

Baseada numa pesquisa do instituto Ipsos, que recomendou o reforço do discurso sobre a eficácia gerencial, essa foi uma estratégia acertada há mais de um mês em um jantar em Belo Horizonte, patrocinado por Aécio Neves. No encontro, a cúpula tucana também acertou que a linha de frente das críticas ao governo Lula ficaria a cargo das lideranças parlamentares do PSDB, enquanto os presidenciáveis do partido seriam preservados desse embate.

No programa de hoje à noite, os ataques ao governo ficarão concentrados no primeiro bloco, que será aberto com uma compilação das denúncias de corrupção, seguida de comentários dos líderes no Senado, Arthur Virgílio (AM), na Câmara, Alberto Goldman (SP), do presidente do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), do secretário-geral, deputado Bismarck Maia (CE), e do deputado Sebastião Madeira (MA), presidente do Instituto Teotônio Vilela, a entidade de estudos do PSDB.

A edição final do programa de 20 minutos foi apresentada ontem em São Paulo no estúdio da produtora GW a Bismarck Maia, que estava acompanhado de um representante da facção paulista do partido, Aloysio Nunes Ferreira (secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo), e outro da mineira, o deputado federal Custódio. Todos os governadores do partido terão direito a aparições, inclusive Ivo Cassol, de Rondônia, que vai tentar faturar o recente escândalo das propinas na Assembléia Legislativa do Estado.