Título: 'PT não se preparou para o exercício do poder', diz Aécio
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Nacional, p. A7

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), disse ontem em São Paulo que "o PT não se preparou para o exercício do poder, como muitos acreditavam". Aécio apontou os critérios usados para montagem dos quadros do governo como "uma busca obcecada pela acomodação de companheiros", como um mal que desqualifica gerencialmente o próprio governo. "Houve um aumento injustificado dos cargos públicos e hoje vemos uma grande dificuldade para a profissionalização e a eficiência." Ele ironizou ao creditar parte do sucesso de sua gestão ao presidente Lula, que "desalojou (da máquina pública) experiências consolidadas que hoje estão em Minas".

Em relação às acusações que envolvem o PT e o governo, Aécio disse que "as denúncias precisam ser apuradas com profundidade e os responsáveis, punidos." Recomendou cautela, "para não transformar (as investigações) em palanque eleitoral, para quem quer que seja". Aécio criticou a atual gestão ao lembrar que a reforma política fazia parte do discurso do presidente Lula, mas foi afastada das prioridades no início do governo. Ele disse estar aberto ao diálogo, mas que cabe ao governo federal tomar a iniciativa.

Aécio classificou a atual concentração de poder e recursos nas mãos da União de "perversa, distante da população". Disse que tal concentração ocorre há 15 anos, mas foi agravada neste governo. Defendeu uma revisão da concepção do Estado, que considera "inadequada à gestão pública", e pediu as reformas política e tributária. "Não tivemos condições no governo FHC", reconheceu, "e os momentos de crise são também momentos de soluções. É preciso construir uma agenda que não paralise o País", disse o tucano.

O governador mineiro participou do Fórum de Debates da Associação de dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB). Elogiou o quadro do PSDB, citando nomes como o de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, José Serra, Tasso Jereissati e o dele como presidenciáveis.

Ele aproveitou para provocar os petistas, dizendo que "a vantagem do governo Lula é ter a nós (PSDB) como oposição, e não o PT (no governo FHC). Se bem que muitas vezes parece que o PT é quem está na oposição."